Revista da ESPM JAN-FEV_2007
Pedro Ernesto Fernandes 77 JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007 – R E V I S T A D A E S P M as preocupações para casa até que não é nada. O pior é quando as levamos para o outro lado da vida!Vou contar- lhes um fato ocorrido comigo”. Apartir daí, visivelmente interessados, fizemos silêncio enquanto ele contava a história. O texto que se segue é a transcrição fiel de suas palavras, pois fiquei tão impressionado, que as regis- trei por escrito naquela mesma noite. EM VIAGEM PELA ALEMANHA “Começarei a minha narrativa com três perguntas que vocês jamais imaginariam ouvir, numa conversa como esta: será que existe vida após a morte? E será que, nessa dimensão hipotética, os executivos mortos se reúnem para discutir e procurar soluções para os problemas que não conseguiram resolver neste mundo? Será, enfim, que em algum lugar do universo existe uma Sociedade dos Executivos Mortos, parecida com a dos poetas? A possibilidade de que isto acon- teça me apavora, mas também me fascina. Imaginem uma reunião dos diretores de uma empresa que faliu, procurando, através da eternidade, a resposta para estas perguntas: foi nossa culpa? Que poderíamos ter feito para evitar o desastre? Onde foi que erramos? Como todo executivo de empresa, que já cometeu os seus erros (e quem não os cometeu?), tremo só de pensar nesse assunto.Mas não consigo resistir à tentação de contar-lhes o que me aconteceu há tempos, mesmo cor- rendo o risco de parecer uma imitação barata de Paulo Coelho. Na verdade, foi apenas um sonho, ou creio que foi. Sonhei que viajava por uma estrada da Alemanha, num belo dia de verão. Os alemães amam o verde e as pequenas cidades ao longo do Rio Reno parecem jardins. Parei numa pequena cidade, esta- cionei o carro na praça principal e entrei num bar para tomar um café. Aproveitei então para perguntar ao homem que me atendeu (penso que era o proprietário) o que havia de interessante para se visitar, nas proximidades. O homem respon- deu sem hesitar: ‘Visite a antiga fábrica de laticínios. É uma espécie de museu’. Paguei a conta e voltei ao carro, dis- posto a seguir o conselho. Fui pelo caminho indicado e logo cheguei à fábrica de laticínios, um prédio branco de dois andares, no estilo da região.
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