Revista da ESPM JAN-FEV_2007

96 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007 Mesa- Redonda JR – Pediria ao Gracioso que desse início. Gracioso – Quando começamos a estudar a forma do tema “espirituali- dade nos negócios” para a Revista, percebemos a sua extrema diver- sidade de abordagens. O próprio perfil das pessoas desta mesa reflete isso: líderes religiosos, empresários, pensadores ligados às filosofias orientais. É o que está acontecendo no mundo real – o que chamamos, grosso modo , de espiritualidade nos negócios tem várias interpretações. Recebemos muitos artigos que também refletem esta diversidade – desde a interpretação da famosa ética protestante de Max Weber até as influências do budismo no mun- do ocidental. Acho que deveríamos – em primeiro lugar – dar, aos par- ticipantes, a oportunidade de expor a visão de cada um sobre o tema de espiritualidade nos negócios. RODRIGO – Esse termo “negócios” pode ser visto sob dois ângulos: o negócio de uma pessoa – sua ativi- dade, seu trabalho, sua forma de se expressar através de seu trabalho; e também a questão negócios en- quanto empresas, organizações humanas. Nos dois casos, é per- feitamente possível trabalharmos com o conceito de espiritualidade que, entendo, tem a ver com uma consciência. Em seu negócio, por exemplo, um artista, faz aquilo com alma, está presente, permanente- mente identificado com o que está fazendo, proporcionando a sua ex- pressão, desenvolvendo seu talento, como algo que vem de dentro, dife- rente de cultura, que vem de fora. Nas organizações, o grande desafio é como proporcionar, ao ambiente, condições para que as pessoas pos- sam desenvolver a sua vocação, a sua qualidade que é única – como se fosse uma impressão digital. To- dos nós somos iguais e, ao mesmo tempo, somos diferentes, únicos. E essa singularidade biológica reproduz uma singularidade indi- vidual, espiritual. Existe um plano, uma dimensão onde há uma plena harmonia entre todos os indivíduos e, quando isso acontece, é que a espiritualidade está se manifestando em sua plenitude, onde há uma relação de complementaridade de todos que são únicos e, ao mesmo tempo, os mesmos. KEN – No começo dos anos 90, escrevi um livro que teria o título A alma do negócio . Risquei o do e coloquei no . Se hoje temos dificul- dade com o tema, imagine há 15 anos. O que queria mostrar é que es- piritualidade não significava todos, nas empresas, rasparem a cabeça, começar a meditar e fazer ciclo de oração. Mas sim a prática consciente de valores em situações diversas. Não é ter um código de conduta no papel e – na hora de crise – joga-se fora o livro de condutas e começam a maltratar uns aos outros. Vejo a prática de espiritualidade como uma colocação de amortecedores nos relacionamentos humanos – dentro do local de trabalho – que facilite o “A PRÁTICA ESPIRITUAL É PRÓPRIA DO SER HUMANO, EMBORA ELE NÃO SAIBA.”

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