Revista da ESPM JAN-FEV_2007

98 R E V I S T A D A E S P M – JANEIRO / FEVEREIRO DE 2007 Mesa- Redonda para a vida ou até para a vida da empresa. É aí que temos de rever, quando falamos de planejamento estratégico, qual é a missão e a visão da empresa. É vermos se esse espírito sobre o qual falamos – soli- dariedade, ajuda o funcionário a produzir mais etc. – faz parte da razão de existir da empresa. Quando falamos de espiritualidade, pode ser para o bem ou para o mal. Na era da globalização, falamos da espiritu- alidade do mercado e essa espiritu- alidade diz que através do dinheiro tudo se consegue – a felicidade passa pelo lucro. E, nessa linha, te- mos de rever, também, nossa visão como empresários quando falamos de inteligência emocional e espiri- tual – por exemplo em encontros. Pergunto sempre “para que esses encontros? É para o bem das pessoas ou das empresas?” No sentido do colaborador, o que ele vai tirar disso para o bem dele como pessoa, para a sua família? Muitas vezes, esses encontros têm por finalidade única aumentar a produção das empresas e não o bem das pessoas. É por isso que quando usamos a palavra espir- itualidade , é para o bem e para o mal porque através dessa palavra temos objetivos, mas temos também cami- nhos, que são filosofias, ideologias, religiões, moral, ética etc. Hoje, quando falamos em espiritualidade, muitas vezes, é em nível micro, mas quem sabe possamos tirar uma visão macro dessa vivência de espirituali- dade dentro da empresa. JR – Diferentemente de vocês, não sou especialista na matéria. Mas, vinha passando em revista as ex- periências profissionais, que tive com diversas empresas e diria que as lembranças que tenho são mais negativas do que positivas. Como o Padre Christian acaba de dizer: estão mais para essa busca pelo lucro, a qualquer custo. GRACIOSO – Li, no The Wall Street Journal , a história de um laboratório norte-americano que produz dois remédios para a AIDS, vendidos para os países da África e para o Brasil. Um é caro, o outro barato. Deliberadamente, introduziram na fórmula do mais barato um ingredi- ente que provoca ânsia de vômito para que os médicos sejam obriga- dos a migrar os pacientes para o tipo mais caro. Li também um artigo do Michel Rocard, ex-primeiro ministro francês, onde ele defende a tese de que capitalismo ético simplesmente não dá para praticar. Mas vejo outra faceta da moeda: a Toyota japonesa acaba de superar a General Motors e é, hoje, a maior montadora de veículos do mundo. Entretanto, a Toyota representa uma geração de executivos e empresários japoneses que – mais do que em qualquer outro país – abraçaram a idéia de que o objetivo da empresa vai além dos seus próprios interesses e deve também objetivar o bem comum, a perenidade, a harmonia, coisas enfim que, aparentemente, estão resultando em empresas criativas, competitivas e lucrativas. Estamos, portanto, diante de uma questão complexa. MARIO – Tenho uma preocupação – até por estar terminando um dou- torado em Teologia – em definir ter- mos. Como definir espiritualidade, da qual tanta gente fala? São defin- ições complexas. Depois de muito batalhar, meu orientador e eu che- gamos a uma definição, que contém

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