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42 JULHO | AGOSTO | SETEMBRO 2014 revista de jornalismo ESPM | cJR 43 mandoqueoprodutor deTV“pode ter pregado uma peça emtodos nós”. Para certos críticos, foi uma desculpa esfar- rapada. Lisa Tozzi, que foi editora no NewYork Times e hoje dirige a equipe de reportagem do BuzzFeed (15 pes- soas), admite que o post inicial deveria ter sidomais cético, mas garante que a veracidade ali é tão importante quanto em seu antigo trabalho. Semdúvida é vital para gente como Smith, Hilton e Tozzi, mas, como esse pessoal oriundo de redações mais tradicionais desco- briu ao chegar aoBuzzFeed, nemtodo mundo ali é versado naquele velho modus operandi . Compartilhar informações Summer Anne Burton chegou ao BuzzFeed como muitos outros pro- dutores do site: sem muita experiên- cia ou ambição jornalística. EmAustin, ondeeragarçoneteeblogueira, suavida erabuscar coisas interessantesna inter- net para compartilhar comos amigos. A ideia de que alguémfosse pagar para que fizesse exatamente isso era sim- plesmente inacreditável. Agora, como diretora editorial executiva – Burton dirige a equipeBuzz, as 35pessoas que, segundo ela, “fazem aquilo que cons- truiu a fama do velhoBuzzFeed: listas, testes, bichos...” –, amoça começa a se encarar como jornalista. “Para muitos de nós, essa era uma empresa de tecnologia”, lembra, fazendo referência ao início na casa, dois anos atrás. “Desde que oBen che- gou, estamos aprendendo a elevar os padrões, mas sem abandonar a ati- tude experimental.” A equipe de Bur- ton costumava seguir umcritério bem simples: “Se alguma coisa emplacasse na internet, a gente dava”. Isso até que Smith chegou, tra- zendo com ele a paixão pela notí- cia de um editor do Politico, o amor por tabloides de um garoto de Nova York e uma forte noção de si mesmo como jornalista sério e, também, um grande comunicador. À medida que o público, a equipe e a receita do BuzzFeed cresciam, o propósito da empresa também foi migrando – de angariar pageviews comcoisas bacanas para uma vontade mais tradicional de fazer diferença. Mark Schoofs, veterano do jornalismo investigativo (primeiro no Wall Street Journal , depois no site ProPublica), foi contratado para montar um setor de investigação. O jornalismo inves- tigativo e internacional do BuzzFeed ainda é um nicho minúsculo dentro de uma grande redação de criado- res de listas e testes, mas a presença de Schoofs ajuda gente como Bur- ton a encarar a própria função não só como a de agregar, mas também a de desmascarar. SegundoBurton, essa novamentali- dade produziu outrasmudanças: “Há uns dois meses, começamos a corri- gir erros”. Títulos enganosos também estão em baixa: “Houve um tempo em que só se pensava em manipular a coisa para ficar no alto dos resulta- dos de busca doGoogle.Mas umtítulo enganoso que decepciona as pessoas é contraproducente”. Burton ainda encara sua função como a de “entreter”, mas sente que “a diferença está diminuindo”. Rega Jha, uma jovem de 22 anos que ter- minou o curso na Columbia Uni- versity há pouco tempo, virou uma estrela da equipe Buzz com o lendá- rio post “29 Struggles That Only Peo- ple With Big Butts Will Understand” (“29 problemas que só as popozudas vão entender”), visto 4,8 milhões de vezes só na primeira semana. Embora Jha adore fazer listas, seu texto favo- rito até aqui foi uma matéria de 4 mil palavras sobre abuso sexual na Índia – texto que levou dois meses para pro- duzir e passou por 20 rodadas de lei- turas por vários editores doBuzzFeed. Foi visto 200 mil vezes, “muito mais do que se tivesse saído num jornal ou revista que não entende a inter- net”, diz Jha. O ideal, diz, seria continuar escre- vendo tanto “28 Things That People With Big Boobs Can SimplyNever Do” (“28 coisas que as peitudas nunca vão poder fazer”, outro de seus suces- sos) quanto matérias sobre justiça social – textos duros, sérios, mas no estilo BuzzFeed: “Não importa se o texto é sobre mulheres com traseiro grande ou sobre o Bill Gates. Ameta é a mesma: escrever aquilo que as pes- soas querem ler”. ■ marc fisher é editor sênior do jornal The Washington Post. para todas as regiões. Texto originalmente publicado na edição de março/abril de 2014 da CJR.

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