RJESPM 10

68 JULHO | AGOSTO | SETEMBRO 2014 revista de jornalismo ESPM | cJR 69 “Não fiz, neste livro, nenhuma crítica que não esteja na boca de repórteres e editores. É raro, contudo, ver a imprensa abrir o jogo como público – algo que, cedo ou tarde, terá de fazer. Não basta enfrentar toda sorte de percalços, como já fazmuito jor- nalista, nem fazer das tripas coração para cobrir bemum fato. A filosofia do trabalho em si precisa ser discutida. A verdade sobre os bastidores da notícia precisa ser contada.” walter lippmann, liberty and the news , 1920 no período que iria desembocar na crise financeira de 2008, a imprensa especializada americana não investigou nem colocou contra a parede os bancos de Wall Street ou as grandes instituições hipotecárias dos Estados Unidos. Daí a crise ter caído como uma bomba para o público – e para a própria imprensa. Ahistória a seguir é a verdade dos bastidores da notícia. 1 O cão de guarda não latiu. Alguémpode explicar? Como entender que toda uma subcultura do jornalismo, tida como sofisticada e antenada, tenha ignorado o grande drama que se desenrolava debaixo do próprio nariz? E como explicar que um punhado de jornalistas – a maio- ria semvínculo comos grandesmeios – tenha conseguido produzir relatos que denunciavam as mudanças radicais que vinham ocorrendo no sistema financeiro enquanto a maior parte do establishment seguia calada? Este livro é sobre o jornalismo cão de guarda e o que acontece quando ele não ladra. O que acontece é que o O cão mudo Por que a imprensa não latiu antes da crise de 2008? por dean starkman A Bolsa de Valores de Nova York foi atingida em cheio em 2008 pela corrupção do mercado financeiro do país Christopher Anderson 1 Este artigo é um trecho do livro The Watchdog That Didn’t Bark: The Financial Crisis and the Disappearance of Investigative Journalism (em tradução livre: O Cão de guarda que não latiu: a crise financeira e o desaparecimento do jornalismo investigativo), lançado em janeiro pela Columbia University Press.

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