RJESPM 11
revista de jornalismo ESPM | cJR 13 o new york times seguesendovistopela comunidade jornalísticamundial como ummodeloparaonegócio,tantoemter- mosdeconteúdoquantodasestratégias paraenfrentaracrisedemaisde20anos que aterroriza o setor. Por isso, quando o seu tão elogiado sistema de paywall chegou ao número de 870 mil assinantes digitais, muitos – inclusivena direçãododiário– acha- ram que a saída havia sido encontrada e que variáveis do sistema lhe dariam a sonhada sustentabilidade. Mas, comodisseKenDoctor, doNie- man Journalism Lab da Universidade Harvard e um dos principais analistas da atividade empresarial jornalística neste século, o Times pode ter sofrido um caso de “exuberância prematura”. Nodia 1 o deoutubro, foi feitooanún- ciodequecemjornalistasdodiárioesta- vam sendo demitidos, num claríssimo indício de que as coisas não estão indo tão bem quanto o previsto. É verdade que, mesmo com essas demissões, o número de jornalistas na redação(1.230)agoraaindaé3,4%supe- rior ao de 2011, quando o jornal come- çou a adotar a nova estratégia, que – portanto – ainda não pode ser descar- tada como ineficaz. carlos eduardo lins da silva é livre-docente, doutor e mestre em comunicação; foi diretor-adjunto da Folha de S.Paulo e do Valor . após terem desperdiçado preciosos anos, os jornais brasileiros parecem ter acordado para a necessidade de ousar mais se quiserem superar a queda em vendas e faturamento publicitário que vêm registrando desde 2008. OCongressoBrasileirodeJornaisde 2014, emagosto, eo seminárioda Inter- national News Media Association, em outubro, tiverampossivelmente os tra- balhos edebatesmais realistas eprodu- tivos realizados pelos responsáveis do setoremmuitotempo.Deles, destacam- -se a iniciativa publicitária “Jornais em Movimento”, a criação de plataformas para facilitar compras de anúncios em campanhas nacionais e a constatação de que é preciso investir em formatos para o consumode conteúdo emplata- formasmóveis, emespecial o telefone, a preferência do público jovem. Pesquisasdeopiniãopúblicamostram que os jornais são veículos que gozam de credibilidade social superior a seus concorrentes, e essa relevância não pode ser jogada fora. É neles, em suas diversas versões, que amaior parte das pessoas diz procurar informações, e os leitores de jornais são os que prestam mais atenção à publicidade, segundo pesquisa de agosto da Ipsos Marplan. Outra pesquisa, demarço, feita pelo Ibope Inteligênciaparaogoverno fede- ral, mostra que 53% dos brasileiros dizem ter mais confiança nos jornais do que na TV. Esses números contras- tam radicalmente com a distribuição do bolo publicitário nacional, que dá 68,9% à TV e 8,6% aos jornais. ■ Jornais brasileiros acordam para o futuro A exuberância prematura do Times Veículos Mesmo com demissões, o Times segue como modelo de sucesso em época de crise Em 1999, o Times vendia 1,6 milhão de cópias impressas de sua edição de domingo. Atualmente, cerca de 2 milhões de pessoas pagam por esse produto (desse conjunto, 1,2milhãona forma impressa). É um sucesso, sem dúvida, mas o problema é que isso não parece sufi- ciente, provavelmenteporqueessecres- cimento não tem sido acompanhado por aumento proporcional de fatura- mento publicitário e porque as assi- naturas digitais custam menos que as tradicionais. Mas omodelo de paywall será mantido e aperfeiçoado, segundo os executivos do Times . ■ Richard Levine/latinstock
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