RJESPM 11
14 outubro | novembro | dezembro 2014 direto de columbia por david klatell um dos aspectos surpreendentes do desenvolvimento de redações digitais é que muitos jornais vêm provando novas formas de narrativa em vídeo – enquanto um número bem menor de emissoras de TV faz o mesmo, ou com igual eficácia. Talvez seja porque os jornais, às voltas com abalos sérios na receita, a sangria de assinantes e, sobretudo, adeserçãodegrandes anun- ciantes, sentemque nãohá outra saída. Pode ser, ainda, que estejam simples- mentedesesperadospara se reinventar. Redações de televisão (ainda) não estão nessa condição, embora o enve- lhecimento do telespectador – emis- soras americanas como CNN, CBS News emuitas outras hoje atraemum público cuja idade média supera os 60 – sugira que, em breve, estarão na mesma situação dos jornais. É impres- sionante que na TV – onde, afinal, se trabalha há décadas com a “tradicio- nal” narrativa emvídeo, e onde existe a vantagem de contar com grandes equipes de cinegrafistas, produtores, editores e jornalistas profissionais – haja tão poucamudança. Nelas, o pro- cesso de gravação, edição, narração e curadoria de vídeo há décadas segue praticamente inalterado. Na Columbia University, leciono uma disciplina chamada Reinventing Television News, que explora novos métodos de narrativa em vídeo, tanto ememissoras deTVtradicionais, como em novos projetos voltados ao vídeo digital, como ocorre com a NowThis News, a Vice News, o BuzzFeed e a Fusion, entre outros. Além disso, meus alunos e eu fazemos estudos sobre fontes de notícias e informa- ção em vídeo, com ênfase no conteú- do gerado por usuários (CGU) e no “jornalismo cidadão”. Há muitos obstáculos – desde a baixa qualidade da produção à dificul- dade de checagem do conteúdo, pas- sando por questões legais, de direito autoral e de identificação do indivíduo que gravou ou narrou o vídeo. Pode ser que todos esses detalhes afugen- tem emissoras tradicionais de tele- visão. Acima de tudo, porém, há um desafio fundamental: ninguém sabe ao certo como definir o CGU, como usá-lo de forma justa e eficaz, como compensar (ou mesmo identificar) quem produziu ou detém esse con- teúdo, se há como conseguir permis- Enquanto as TVs patinam no modelo tradicional da narrativa em vídeo, redações digitais apostam nos filmes produzidos por amadores A arte da reinvenção
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy NDQ1MTcx