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26 outubro | novembro | dezembro 2014 um choque para milhares de segui- dores da página, cujos comentários à imagem eram: “Cara, você é mulher? Pqp”. “Opa... você é mulher? E sexy?! kkkk”. A reação criou umcircomidiá- tico. Andrew se sentiu obrigada a aparecer na TV (na CBS) e deu uma declaração ao jornal The Indepen- dent . Como de praxe, contudo, guar- dou a resposta semcensuras para sua conta no Twitter: “TODO comen- tário naquele post é para dizer que é umespanto eu ser mulher! Estamos mesmo em 2013?” Quando o Guar- dian , a National Geographic e a Scien- tific American deram matérias sobre a polêmica, Andrewficou quieta, mas tuitou os textos para seus seguidores. Pouco depois, deixou o assunto mor- rer: “Cansei dessa coisa do sexismo, daqui até o fim do dia só vou tuitar fotos de nudibrânquios”. Na minha busca cada vez mais determinada, tinha identificado Andrew meses antes (graças a um pequeno boxe na página do IFLS que atribuía a ela a criação da página). Ela chegara a dar uma entrevista, por e-mail, a um certo Richard Hud- son, autor de umblog (The Chemical Blog) criado para divulgar sua fábrica de produtos químicos. Ao notar que o IFLS estava bombando, Hudson mandou uma mensagem a Andrew pelo Facebook contando que também estudara na University of Sheffield e pedindo uma entrevista. Desde que deu o pingue-pongue emsetembro de 2012, Hudson foi procurado por inú- meros blogueiros e jornalistas que- rendo saber como conseguira falar comAndrew. “Nemesperava uma res- posta, mas ela escreveu e disse ‘Beleza, vamos lá’”, contou. “Acho até que ela ficou surpresa com o fato de alguém querer entrevistá-la.” Avessa a jornalistas Minha campanha tevemenos sucesso. Tentei falar com Andrew pelo Face- book, pelo Twitter e por e-mail. Man- dei até uma uma longa carta sobre o histórico da CJR no jornalismo cien- tífico. Nomeio-tempo, descobri o que podia sobre meu alvo. Segundo uma das entrevistas mais importantes da jovem, no jornal da cidade natal de Andrew, o Suffolk Free Press , ela cres- ceucomamãe, opadrastoeo irmãoem Long Melford, cidadezinha de classe média que fica a duas horas de Lon- dres. Depois de se formar na Univer- sity of Sheffield, Andrew conseguiu umposto de curadora de redes sociais numaeditoraespecializadaemciências deMidland, cidade canadense aonorte de Toronto. Com o marido, um aspi- rante a crítico musical chamado Jake Rivett, passava os dias vendo shows e divulgando a página dele noFacebook: “I Fucking Love Heavy Metal”. Minha cruzada virou motivo de piada entre amigos, quepassaramame mandarmensagens indicando o para- deiro damoça. Àmedida que Andrew ia ficandomais famosa, restava amim sentar e assistir. De longe, acompa- nhei umaviagemdela àAustrália, onde posouparauma sériede fotos comPhil Plait, autor de um blog de ciência na revista Slate , e esporádicas visitas ao Reino Unido. Fiquei à espera de um não definitivo, ou quem sabe um tal- vez. Em vez disso, veio o silêncio. Embora fuja de entrevistas, Andrew não tem nenhum pudor em compar- tilhar coisas pessoais comos leitores. Quando se casou, postou no Twitter fotos do vestido e do bolo de casa- mento – cujo tema era o sistema solar. Perto do fim do ano passado, contou no Facebook que o presente de Natal de quemais gostara fora ummedalhão comumcoração anatomicamente cor- reto. Quando vai a eventos, é comum postar onde estánoTwitter, responder pessoalmente às centenas de comen- tários que recebe e até, de vez em quando, convidar fãs para encontrá- -la numbar nas redondezas. Até quem A despretensão da moça e sua capacidade de incorporar o prazer da descoberta conquistaram um séquito de apaixonados

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