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28 outubro | novembro | dezembro 2014 tenta explicar o porquê e como sabe- mos que é verdade”, explica Winter. Ela e os outros redatores escolhemos temas que vão abordar de uma lista enviada diariamente por Andrew. Embora já trabalhe no IFLShámais deumano,Winter esteve comAndrew uma única vez, durante um fim de semana alucinado que parece quase umacidente. Pouco antes de começar a trabalhar no IFLS, Winter falara, no Facebook, do desejo de participar de um evento na Arizona State Univer- sity que teria a presença de celebrida- des da ciência, como o cientista, apre- sentador deTVe comediante Bill Nye e o físico BrianGreene. Andrew suge- riu viajar aoArizona para ir comWin- ter ao evento. Winter ficou animada – embora não tivesse ideia do que seria acompanharAndrew. “Fui buscá-lano aeroporto”, conta. “Eela já foi dizendo: ‘Convidarama gente para uma recep- ção, temos de estar lá em45minutos’.” Depois de uma troca rápida de roupa, Winter foi parar num auditó- rio da universidade. Lá, na companhia deAndrewe emmeio a canapés, se viu conversando com o biólogo Richard Dawkins. “De repente, a Elise se afas- tou para pegar comida e me deixou a sós com o Richard Dawkins”, diz Winter. “Mal podia acreditar no que estava acontecendo.” Gente famosa veio conversar com Andrew durante todo o simpósio. Na noite seguinte, quando Winter foi deixar Andrew no hotel, cruzaram com Dawkins – que convidou as duas para um jantar no restaurante do hotel com várias outras pessoas, incluindo Nye, Neil deGrasse Tyson e a atriz Cameron Diaz. Namesa, amaioria – salvo Diaz – sabia quem era Andrew. A impres- são é que a jovem estava no limiar da fama – e, no entanto, diz Winter, ambas se sentiramperdidas: “O tempo todo, parecíamos umas fãs”. Marca poderosa Para nativos digitais, essa expressão do eu via Facebook ou Twitter é mais autêntica do que o retrato que surgi- ria após os retoques de uma assesso- ria de imagemou o filtro de umrepór- ter. Segundo a tese, eliminar da equa- ção os intermediários da mídia des- loca o poder para o leitor, que recebe um produto final menos adulterado. Andrew defende a ideia: “Gostaria de ver a mídia tradicional jogada para escanteio”, escreveu em março no Facebook. “Gostaria de ver cientistas falando diretamente com o público.” Independentemente da intenção de Andrew ao criar o IFLS – é pouco provável que pudesse prever o que a página, e ela, se tornariam –, hoje em dia ela está firmemente no controle da própria história. Cada pequena infor- mação que aparece em sua conta no Twitter ajuda a criar a imagem que tantosmilhões achamirresistível. “Não entendo, de verdade, por que os outros estão tão interessados emmim”, disse Andrewa umrepórter do siteMasha- blenos bastidores do eventonoMuseu deHistóriaNatural emNovaYork. “Sou só uma curadora. Oque faço émostrar coisas que acho legais.” Partindo da tese de que Andrew realmente quisesse que o único foco fosse a ciência, no universo obcecado por autenticidade das redes sociais, é impossível, a certa altura, separar a mensagem do mensageiro. Parte da razão pela qual as pessoas acham os comentários de Andrew sobre ciên- cia interessantes é porque achamque ela é interessante. Se a popularidade for amedida do sucesso namídia digi- tal, o que Andrew conseguiu – uma viralidade sustentada que a levou de simples estudante a poderosa marca da mídia – é algo distinto dos típicos momentos virais que chegamepassam Os jovens gostam de um ambiente sem intermediários. Segundo a tese, isso dá mais poder ao leitor e favorece a circulação de ideias
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