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10 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2015 UMA FRASE “Se não tomarmos cuidado, a conclusão a que qualquer pessoa que deseje impor qualquer tabu será: basta arrumar uma arma” Timothy Garton Ash, historiador britânico, ao defender que todos os veículos de comunicação deveriam republicar os cartuns do Charlie Hebdo O PewResearch Center realizou em dezembro do ano passado umestudo qualitativo sobre o futuro da privaci- dade. Foram entrevistadas pessoas que ocupam cargos de liderança na indústria da comunicação e lhes foi pedido que esboçassemsuas impres- sões sobre como nos próximos dez anos poderão se desenvolver as rela- ções entre garantia da privacidade e avançoda tecnologia. Abaixo, respos- tas de algumas delas. “Temos testemunhado o conceito depublicy (odireitode tornar pública qualquer coisa a respeitode qualquer pessoa) emergir como amodalidade default na sociedade e o conceito de privacidade (privacy), o direito de manter reservadas algumas coisas pessoais, declinar. Para ser possível a existênciado ‘online’, éprecisopubli- car informações que sejam ampla- mente repartidas em espaços públi- cos, abertos.” Stowe Boyd , pesquisador principal da GigaOM “A liberdade para capturar dados pessoais está no coração dos mode- los de negócios das mais bem-suce- didas empresas de tecnologia (e de forma crescente também nas indús- trias tradicionais, comoovarejo, assis- tênciamédica, entretenimento, finan- ças, jornalismo, seguros) e de como os governos encarama relação entre os cidadãos e o Estado.” Leah Lievrouw , professora da University of California – Los Angeles “Big data significa grandes negó- cios. Os interesses especiais dos gran- des negócios continuarão a bloquear qualquer política pública eficaz que garanta segurança, liberdade e pri- vacidade online.” Alto executivo de uma grande empresa de internet, que pediu anonimato “Afaltadepreocupaçãoemgarantir odireitoàprivacidadedecorredacom- placênciadas pessoas, porque a expe- riência delas as ensina que dar acesso a seusdadospessoaispermiteàsorga- nizações privadas e públicas facilitar a sua vida e a rotina, e só raramente é que elas se sentemseriamente preju- dicadas por terempermitido que sua privacidade fosse invadida.” Bob Briscoe , pesquisador-chefe da British Telecom “As pessoas vão cada vezmais acei- tar a troca de sua privacidade pela customização de serviços, a não ser que um grande esforço de educação seja iniciado imediatamente.” Gina Neff , professora da Universidade de Washington A imprensa brasileira até que começou a fazer um bom trabalho depois que a “crise hídrica” se tor- nou realidade reconhecida no início deste ano. Mas, antes disso, como tem sido tradicional com problemas sociais previsíveis ou até de sazonalidade garantida (comoas inundações a cada verão), ela falhou na prática do jorna- lismo “preventivo”. Um dos grandes enigmas da ati- vidade do jornalismo (em especial o impresso) na era digital é definir a sua missão. Por séculos, foi informar o que aconteceu. Mas, comaascensãodosmeios ele- trônicos e da internet, esse trabalho pelos meios tradicionais se tornou supérfluo. Darmanchete para notícia que todomundo já conhece há horas deixou de fazer sentido. Mas só quem tem recursos huma- nos e dispõe de processos para fazer jornalismo de qualidade é capaz de antever os problemas que depois os outros meios vão noticiar. Investir em prever é o que o “velho” jorna- lismo pode fazer de relevante para preservar-se. Infelizmente, não foi issoque se viu na falta de água, apesar de todos os indícios da crise que se acumulavam e da existência de trabalhos de cien- tistas comavisos doque iria ocorrer. ■ O futuro da privacidade As águas não rolaram DADOS PESSOAIS Crise hídrica
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