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14 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2015 disponível de jornalistas atuantes que buscam ummestrado em vez de cur- sos isolados de curta duração, além da ausência de uma rede robusta de banda larga em boa parte da África Oriental, onde vivem e trabalham os jornalistas. Além disso, a percepção de que a escola é uma subsidiária da Nation pode inibir a participação de não funcionários – seja como alunos, seja como professores –, limitando bastante seu impacto na região. Recursos e ambição Paracompletar, oTimesof IndiaGroup acaba de anunciar umprojeto educa- tivo em jornalismo e mídia. O grupo vai erguer umauniversidadeparticular – a Universidade Bennett – nos arre- dores de Nova Delhi, na Índia, que, naturalmente, terá uma faculdade de jornalismo. OGrupo Times temmui- tos recursos financeiros e jámantinha umpequenoprograma de treinamento interno – ambiciosamente chamado de Times School of Journalism. Édifí- cil, contudo, dar a verdadeira dimen- são do desafio de criar uma universi- dade do zero num país como a Índia, com sua burocracia esclerosada e sis- tema universitário fortemente regu- lamentado. Embora a empresa tenha recursos para criar a universidade e o programa de jornalismo, falta saber se será capaz de atrair docentes e de convencer pais a matricular os filhos na nova universidade – pagando uma mensalidade pesada para tal. Aliás, não se sabe ao certo que conjunto de alunos a instituição irá atender. Uma coisa é óbvia: será precisomais do que recursos e ambição para entrar de forma exitosa e sustentável no mer- cado de ensino superior comumpro- jeto dessa envergadura. As lições da experiência recente e os desafios concretos enfrentados pelas instituiçõesme convenceram, em suma, de que iniciativas de ensino no jornalismo só fazemsentido quando a organização patrocinadora tem uma visão clara, distinta e condizente com o entorno, quando entende a proposta de valor da escola e quando tem um plano capaz de sobreviver ainda que, a longo prazo, a estimativa mais con- servadora do mercado para sua ideia se prove correta. Claramente, uma coisa é dizer que umpaís precisa de mais e melhor jor- nalismo – e outra, bemdistinta, é dizer que poderá sustentar uma escola de jornalismo. ■ david klatell é responsável pela área de estudos internacionais da Columbia Journalism School. Auxiliou no desenvolvimento de emissoras de televisão e agências de notícias em Portugal, Suécia, Suíça e China. Formatura da primeira turma do Jordan Media Institute, localizado em Amã Arquivo CJR A maioria dessas faculdades enfrenta mais dificuldades do que previa, e seu crescimento exige permanente atenção aos valores fundamentais que nasceu para defender

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