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20 janeiro | Fevereiro | marÇo 2015 Hackers do bem Nos Estados Unidos, uma nova geração de aficionados de tecnologia assume parte da missão de repórteres e presta serviços inestimáveis à população por rui kaneya em2013 , quando soltou uma lista de 129 escolas que cor- riam o risco de ser desativadas, a rede pública de ensino de Chicago recebeu uma enxurrada de críticas de grupos de pais, sindicatos de professores e outros interessados município afora. Em meio à troca de farpas e acusações, surgiu um site para ajudar a munir o debate de fatos. Bati- zada de SchoolCuts.org , a página na internet reunia todos os dados de caráter público sobre todas as escolas na lista – desempenho acadêmico, perfil socioeconômicodos alunos, número dematrículas, área de jurisdição da escola etc. – e apresentava a informação num formato fácil de entender. Foi um sucesso instantâneo. Josh Kalov, um dos sete cérebros por trás do SchoolCuts , atribuiu o êxito ao fato de que o site tornava digerível uma montanha de dados aparentemente impenetrável. “Desmembramos a infor- mação em porções mais aproveitáveis”, explica. A ideia de aplicar princípios da ciência de dados para ajudar a informar o público não é novidade no jorna- lismo. Mas Kalov e colaboradores do SchoolCuts não se veem como jornalistas – nem, necessariamente, enca- ram o que fazem como jornalismo. O que são, a seu ver, é parte de um crescente grupo de “hackers cívicos”, que se dedicam a criar aplicativos de internet que prestem algum serviço à população. Em Chicago, o movimento do “hacking cívico” pegou embalo graças à avalanche de informações lançadas no portal de dados do município, que foi criado em 2010 e hoje abriga mais de 800 conjuntos de dados – volume maior do que qualquer outra cidade dos Estados Unidos disponibiliza, segundo a Code for America, uma ONG de São Francisco que ajuda municípios a usar a tecnolo- gia para inovar. O fenômeno, contudo, não se limita a Chicago. Até hoje, a prefeitura e outros 44 governos estaduais e municipais nos Estados Unidos já adotaramalguma política de dados abertos. É o que diz a Sunlight Foundation, uma ONG de Washington que defende a transparência na gestão pública. E a coisa tampouco se restringe a mecas da tec- nologia, como Nova York e São Francisco: chega também a lugares como Chattanooga, no Tennessee, e Tulsa, em

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