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24 janeiro | Fevereiro | marÇo 2015 por quinn norton Passagem secreta Com a ajuda de um hacker, site ProPublica revela a transferência sigilosa de dinheiro vivo da Rússia para o governo da Síria em novembro de 2012, uma reportagem em duas partes publicada no site de jornalismo investigativo ProPublica acrescentou um novo – e importante – fator à cobertura da guerra civil na Síria. O material era baseado em docu- mentos que mostravam que um avião sírio fizera um voo secreto a Mos- cou e voltara carregado de suprimentos para ajudar o combalido regime de Assad. Não se tratava de ajuda humanitária. Eram mais de 200 toneladas de dinheiro vivo despachadas à Síria no momento em que as Forças Armadas do país enfrentavam rebeldes e a deterioração da economia. Embora uma carga de helicópteros de ataque aparentemente não tenha chegado ao des- tino, a série de reportagens confirmou que o apoio russo ao regime de Assad ia muito além do que o admitido publicamente. O relato a seguir mostra como o ProPublica conseguiu os manifestos de voo e deixa entrever o complicado mundo da segurança na cobertura jorna- lística internacional na era digital. Tudo começou em julho de 2012, quando fui contatada pela internet por alguémque conseguirameu nome comumamigo na comunidade do ativismo digital. Embora a pessoa usasse o pronome masculino (ele) para falar de si, nessa comunidade é comum trocarem o gênero para se proteger. E minha fonte fazia questão de absoluta segurança. Nosso primeiro contato foi por um chat público, mas depois disso nos comunicamos quase que exclu- sivamente por canais seguros. Ele falava comigo via IRC – ou Internet Relay Chat, um protocolo de conversas em grupo que permite a interação num servidor remoto. As pessoas usam apelidos (minha fonte tambémtinha um) que chegama virar uma identidade alternativa, comrepu- tação e status próprios nomundo digi- tal, e a adquirir tanta importância para o indivíduo quanto seu nome verda- deiro. O IRC surgiu há pouco menos de 30 anos e ainda é a ferramenta favo- rita de programadores, administrado- res de rede e a turma tecnicamente mais preparada de grupos internacio- nais de hacktivistas, como o Anony-

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