RJESPM 12
30 janeiro | Fevereiro | marÇo 2015 nossasociedadetransitoudeum mundo industrial para omundo informacional. Issosignificaque têmprimaziaeco- nômica, cultural epolítica aqueles que conseguemmanipu- lar quantidades crescentes de dados, de bits. Os bens sim- bólicos passam a ter maior valor que os bens materiais, e a máquinadasmáquinaspassaa ser ocomputador, umameta- máquina. Um avião, um carro, uma espaçonave, uma pla- taforma de petróleo em alto-mar ou um simples game são criados e simulados emcomputadores. Asmáquinasdepro- cessamentode informação sãoodispositivodominante das sociedades contemporâneas. É o que escreveu Lev Mano- vich em SoftwareTakes Command: Extending the Language of NewMedia (Bloomsbury Academic, 2013): If electricity and the combustion engine made industrial so- ciety possible, software similarly enables global information society. The “knowledge workers”, the “symbol analysts”, the “creative industries”, and the “service industries” – none of these key economic players of the information society can exist without software. 1 O cotidiano damaioria da população e de suas institui- ções é operado por softwares, programas que dão vida a máquinas de processar informações. O software também é a principal mídia e o repositório da memória de nossos escritos, arquivos sonoros, imagens e vídeos. Um simples telefone celular não funciona mais sem um software. Eis o ponto para a compreensão do nosso cotidiano. Os soft- wares permitemarmazenarmos e transferirmos crescen- tes quantidades de informação. Conforme levantamento realizadopela companhia ame- ricana Cisco (“The Zettabyte Era: Trends and Analysis”, publicado em 10 de junho de 2014), o tráfego global de dados em redes IP (Internet Protocol), em2013, alcançou 51.168 petabytes por mês. 2 As projeções indicam que o tráfego de dados nas redes digitais ultrapassarão 1 zetta- byte (1.000 exabytes), em2016, e chegará a 1,6 zettabytes por ano, em2018. Umzettabyte equivale a 250 bilhões de DVDs. Pierre Lévy lembrou, no livro Cibercultura (Edi- tora 34, 1999), que Roy Ascott chamou esse processo de dilúvio informacional. Sem nenhuma dúvida, nossa cul- tura está convertendo seus bens simbólicos embits emum ritmo crescente. Não há nada, emum futuro próximo, que indique a necessidade de redução da gigantesca produ- ção de informações. Ao contrário, estamos cada vez mais produzindo textos, vídeos e imagens que são guardados Sem os princípios da cultura hacker, como “Privacidade para os fracos, transparência para os poderosos”, não haverá democracia no mundo digital A informação quer ser livre ENQUANTO ISSO NO BRASIL... SÉRGIO AMADEU DA SILVEIRA 1 Tradução do autor: “Se a eletricidade e o motor a combustão tornaram a sociedade industrial possível, o software possibilita similarmente a sociedade da informação global. Os ‘trabalhadores do conhecimento’, os ‘analistas de símbolos’, as ‘indústrias criativas’, e as ‘indústrias de serviços’ – nenhum desses jogadores-chave da economia informacional podem existir sem o software.” 2 http://www.cisco.com/c/en/us/solutions/collateral/service-provider/visual- -networking-index-vni/VNI_Hyperconnectivity_WP.html Acesso em 26/01/2015.
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