RJESPM 12
36 janeiro | Fevereiro | marÇo 2015 seu computador para reduzir os riscos de um roubo de máquina comprome- ter seus contatos. Além disso, um jor- nalista que investiga um grupo pode- roso pode ter suas mensagens esca- neadas e analisadas se não criptogra- far seus e-mails e se não utilizar chats protegidos por cifras, por isso soluções como o pidgin-OTR são indispensá- veis. Conhecimentos básicos das tec- nologias são vitais emnossa sociedade informacional. O tradicional jornal O Estado de S. Paulo , a partir da realização de uma maratona hacker, em junho de2012 7 , reuniu diversos deles durante um sábado para produzir soluções interessantes para o jorna- lismo. Ali foi possível observar o potencial que os dados coletados e processados de modo criativo podem ter para a redação. Em seguida, o jornal criou um “núcleo do Esta- dão especializado emreportagens baseadas emestatísticas e nodesenvolvimentode projetos especiais de visualização de dados”, que é divulgado no blog do EstadãoDados 8 . A Câmara dos Deputados, emBrasília, e a Câmara dos Vere- adores de São Paulo, assim como o Inep (Instituto Nacio- nal de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgãode pesquisa doMinistériodaEducação, tambémrea- lizaram hackathons, ou maratonas hackers. Ou seja, reu- niram dezenas de habilidosos amantes dos códigos e do tratamento de dados para tentar explorar projetos e solu- cionar problemas de modo rápido, criativo e colaborativo. Também conhecido como hackday ou codefest, as mara- tonas hackers estão acontecendo em diversos jornais de prestígio internacional e organizações pelo mundo afora. Universo em expansão O espírito hacker no Brasil é grande, mas o número efe- tivo de hackers envolvidos em projetos de análise de dados e de apoio ao jornalismo investigativo é pequeno. Isso ocorre porque ainda há um grande distanciamento entre hackers e os coletivos e jornalistas investigativos. Com o sucesso de iniciativas como a Agência Pública 9 e com a expansão do midialivrismo, certamente hackers se aproximarão dos profissionais da comunicação, jorna- listas tomarão gosto pelos códigos e muitos se tornarão hackers. É importante lembrar que hackers são profun- damente autodidatas e, em geral, pensam que o preço da liberdade e da autonomia é o conhecimento. Por solicitação de uma organização não governamen- tal, o jovem hacker Miguel Peixe reuniu ideias utilizadas na rede e técnicas de raspagem de dados e criou um site para acompanhar o nível do reservatório de água da Can- tareira, que abastece a cidade de São Paulo. 10 O disposi- tivo buscava automaticamente dados da Sabesp e permi- tia que os discursos das autoridades fossem comparados com a triste realidade do baixo nível da represa. Em abril de 2014, o site estava online e também seus códigos foram inseridos no GitHub, um repositório compartilhado para projetos de código-fonte aberto. As informações sobre o projeto, escritas por Miguel Peixe, eram claras e objeti- vas, deixando fortemente marcada a ética hacker: O aplicativo sobre os sistemas de abastecimento de São Pau- lo obtém, através de um programa, dados de nível dos reser- vatórios e precipitação do site da Sabesp. Para obter esses dados, a técnica utilizada foi a raspagem, ou scraping, co- mo é conhecida em inglês. De maneira resumida, o que fi- Veículos podem utilizar o potencial de hiperlinkagem da rede para melhorar os contextos de suas publicações 7 Disponível: http://blogs.estadao.com.br/link/como-a-cultura-hacker-muda-o-jornalismo/ Acesso 26/01/2015. 8 Disponível: http://blog.estadaodados.com/ sobre/ Acesso 26/01/2015. 9 Disponível: http://apublica.org/ Acesso 26/01/2015. 10 Disponível: http://mananciais.tk/ Acesso 26/01/2015.
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