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64 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2015 O povo que pague Agora até o Huffington Post vai atrás dos leitores para custear um especial. É o crowdfunding dos ricos. Isso pode? por ben adler quandoohuffingtonpost anunciou a criação de uma parceria de um ano custeada por meio de financiamento coletivo para cobrir os acontecimen- tosnacidadedeFerguson, noMissouri, depois que o adolescente Michael Brownfoimortoporumpolicial, houve muita discussão. Don Irvine, presi- dente doAccuracy inMedia, grupo de defesade interesses conservador, resu- miu a questão em um post no blog do movimento: “O Huffington Post não é um veículo pequeno, independente e sem recursos – ao contrário, pertence à AOL, empresa com uma receita de 3,4 bilhões de dólares, que aparece no ranking das 500maiores empresas do mundo da revista Fortune . Será que elesnãoconseguemeconomizar40mil dólares para financiar esse projeto?” Alex Koppelman, editor de nacional do Guardian caçoounoTwitter: “Aten- ção, vou financiar coletivamente meu almoçohoje. Eupossopagarnumaboa, mas prefiro que vocês me banquem”. Na verdade, omundo do jornalismo está dividido quanto a essa questão. Alguns acharam que essa foi uma maneira criativa e inofensiva para apoiar umprojeto digno, mas que pro- vavelmente não daria lucro. Outros reclamaram que fica feio os milioná- rios que controlamo HuffingtonPost – AriannaHuffington eTimArmstrong, da AOL – pedirem contribuições de pequenos doadores. E houve quem se preocupasse com o fato de que o sucessodoprojeto incentivasse outras empresas de comunicação a recorrer ao financiamento coletivo para pro- duzir matérias de interesse público que elas antes custeariam sozinhas. Apesar dos críticos, o Huffington Post angariou mais do que os 40 mil dólares necessários para pagar o salá- rio deMariah Stewart, através de 641 doadores. O jornal cobriria as des- pesas de Stewart, e ela seria orien- tada por Ryan Reilly, repórter encar- regado da cobertura de Justiça do site. Stewart, com 23 anos, havia acabado de se graduar em Jornalismo na Lin- denwoodUniversity de Saint Charles, Missouri. Ela vivia em um subúrbio de Saint Louis – como Ferguson – e estava trabalhando emuma loja antes de se formar. Quando a situação em Ferguson pegou fogo, ela foi até lá e cobriuos acontecimentos emprimeira mão pelo Twitter. Foi descoberta pelo Beacon Reader , um site de Oakland, Califórnia, que permite que jornalis- tas selecionados publiquem seu tra- balho e angariemdinheiro comos lei- tores. Reilly, que cobriu os aconteci- mentos emFerguson, faloude Stewart para o chefe da sucursal do Huffing- ton Post em Washington D.C., Ryan Grim. Grim levantou a ideia do finan- ciamento coletivo, sabendo que seu orçamento não permitiria criar uma vaga de repórter em Ferguson. De acordo com ele, Arianna Huffington, que ainda gerencia o site que vendeu para a AOL em2011, “adorou a ideia”. O Huffington Post se uniu ao Beacon Reader para arrecadar o dinheiro. Paralelamente, Stewart tambémescre- veria algumas matérias para seus lei- tores do Beacon Reader . É necessário frisar que o financia- mento coletivo de umrepórter emum grande órgão de imprensa não tem nenhuma diferença fundamental em relaçãoaoutrosmodelosmais recentes para custear reportagens –e o fatode o trabalho ser publicado emumsite com

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