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revista de jornalismo ESPM | cJR 67 categoria de novos modelos de gerar receita. A revista Slate , por exemplo, lançou recentemente o Slate Plus , um serviço em que os assinantes têm acesso a conteúdoexclusivo, como tre- chos especiais dos podcasts e basti- dores das grandes reportagens. Julia Turner, a diretora de redação, diz que por enquanto o site não tem planos de recorrer ao financiamento cole- tivo,mas nãodescarta definitivamente essa hipótese. “Boa parte do jorna- lismo é financiado coletivamente, de maneira indireta, pelas assinaturas”, ela observa. Acesso gratuito Dan Fletcher, cofundador do Beacon Reader , também faz o paralelo comas assinaturas. Em troca de cinco dóla- res por mês, ou de taxas fixas para diferentes categorias de assinaturas, aqueles queFletcher chamade “apoia- dores” dispõem de um conteúdo que não pode ser encontrado em qual- quer lugar – e terão tambéma satisfa- çãomoral de apoiar o jornalismo que consideramrelevante. Se desconside- rarmos o intermédio de umeditor ou de uma publicação, essencialmente, os leitores estão pagando o valor da assinatura para os jornalistas. Diferentemente da maioria dos paywalls , a ênfase aqui não é ter acesso a um conteúdo exclusivo para assinantes. Um jornalista com per- fil no Beacon Reader pode comprar uma matéria publicada lá para outra publicação, ou publicá-la simultane- amente em qualquer outro lugar. Por exemplo, a maior parte do trabalho de Stewart em 2015 vai ser publi- cada no Huffington Post , onde ficará disponível gratuitamente, e não só para aqueles que contribuíram para o financiamento coletivo. Ela avisará seus “apoiadores” por meio do Bea- con Reader sempre que suas matérias forem publicadas, e divulgará conte- údo extra especialmente para eles. O paywall do Beacon Reader não é impenetrável, pois os links postados em redes sociais têm acesso gratuito. Filosoficamente, no entanto, Fletcher considera que essa relação está mais próxima do leitor-assinante do que do doador. E, se você concorda com ele, então o Huffington Post nunca rece- beu doações – simplesmente vendeu assinaturas. Amaioria dos jornalistas – mesmo os que criticamo financiamento cole- tivo do Huffington Post – acredita que existe uma demanda não atendida de cobertura detalhada sobre Ferguson e outras histórias relacionadas a ques- tões raciais, comunidades em trans- formação, poder político e reforma penal nas cidades americanas, gran- des e pequenas. E isso independe de concordarem ou não se o financia- mento coletivo é igual a vender assi- naturas do ponto de vista ético. Para RichardTofel, do ProPublica , doações para apoiar o jornalismo investigativo emumveículo com fins lucrativos são válidas, caso a alternativa seja o veí- culo nem mesmo começar o projeto. Uma preocupação despertada por alguns jornalistas é a de que as reda- ções passarão a financiar coletiva- mente os salários e reportagens, em vez de gastar parte de seu lucro com isso.Mas, se uma parceria é financiada coletivamente, pelomenos o repórter vai receber. Muitas vezes, a resposta para o problema de produzir maté- rias caras e pouco rentáveis é fazer os repórteres trabalharem (quase) de graça. A ideia de que os leitores e espectadores paguem pelo conte- údo que eles querem não é nem um pouco radical. Ninguém pensou que era injusto quando as famílias Sulz- berger, do NewYork Times , eGraham, do Washington Post , fizeram fortunas comleitores de classemédia que paga- vam por assinaturas e atraíam anun- ciantes. Stewart explica a situação: “Sejamos honestos, tem muita coisa acontecendo, se o Huffington Post for pagar cada repórter que participar da cobertura, ele ficará falido”. ■ ben adler cobre mudanças climáticas para o Grist e é um dos editores colaboradores da CJR . Entre os novos modelos de gerar receita, está a contribuição financeira da sociedade em troca de mais cobertura de assuntos relevantes para ela Texto originalmente publicado na edição de novembro/dezembro de 2014 da CJR.
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