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70 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2015 Sob fogo No meio do ano passado, a guerra na Faixa de Gaza levou repórteres ao limite físico e mental por jared malsin o fotógrafo do jornal the new york times Tyler Hicks estava no quarto do hotel emGaza no dia 16 de julho do ano passado quando ouviu uma explo- são. Ao olhar pela janela, viu as crianças. Pegou o capacete, o colete à prova de balas e a máquina fotográfica e correu para a praia. Mesmo sem saber se a artilharia israelense voltaria a atacar, cruzou a areia e registrou a cena: qua- tro meninos, todos primos, haviam sido mortos pelo bombardeio israelense. Enquanto várias pessoas corriam para socorrer as crianças atingidas, mais jornalistas foram chegando. “Para certas fotos, a meu ver, vale correr um risco maior”, diz Hicks, ao se referir à imagemde umhomemcarregando umdosmeninosmortos enquanto outro jazia contorcido na areia. “Aquela cena foi diferente paramim. Sabia que seria diferente para quem visse a foto.” Foi um momento raro – até para ele, um jornalista que passou boa parte da vida profissional fotografando guer- ras – poder registrar o assassinato de quatro crianças. Para leitores e espectadores fora da zona do conflito, a última investida na Faixa de Gaza pode ter parecido apenas mais um episódio da sangrenta – e aparentemente interminável – luta entre israelenses e palestinos. Mas a violência dessa vez foi tudo, menos típica. A última ofensiva de Israel em Gaza durou mais e deixou mais víti- mas do que qualquer outra operação isolada até então. Segundo a Orga- nização das Nações Unidas (ONU), 2.131 palestinos morreram durante os 50 dias do ataque israelense. No lado israelense, foram 71 pessoas. A operação Chumbo Fundido – em 2008-2009, que até 2014 fora a incur- são israelense em Gaza com o maior número de vítimas – durou só 21 dias. Desta vez, as forças terrestres israe- A foto de Tyler Hicks, tirada numa praia...

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