RJESPM 12

revista de jornalismo ESPM | cJR 71 ... em Gaza, contrapôs a narrativa israelense sobre o conflito que ocorre há décadas no local e parece sem solução lenses toparam com uma resistência armada mais preparada, o que fez com que perdessem mais soldados. A experiência também foi atípica para os jornalistas que cobriramo con- fronto.Em2008-2009, ocomandomili- tar israelense impediuaentradadecor- respondentes estrangeiros naFaixa de Gazadurante toda a ofensiva –embora umtribunal superior tivesse ordenado aaberturada fronteiraa jornalistas (em 2012, a imprensa internacional chegou aGaza para cobrir outra incursão isra- elense, aoperaçãoPilarDefensivo,mas o ataque terminou após oito dias com um cessar-fogo mediado pelo Egito). Em 2014, Israel voltou a permitir a entrada de jornalistas emGaza. Foi a primeira vez emanos que a imprensa internacional cobriu em peso uma arrastada ofensiva militar israelense em Gaza. Repórteres experientes na cobertura de guerras e conflitos civis por todo o OrienteMédio foram levados a extremos da experiência. A morte – tanto o risco como o fato – se fez muito mais presente e íntima. Dos palestinosmortos emGaza, 1.396 eram civis, entre eles 222 mulheres e 418 crianças. Hospitais, escolas e bair- ros inteiros foramdanificados ou des- truídos pelo bombardeio israelense. Ayman Mohyeldin, hoje correspon- dente estrangeiro da americana NBC News, cobriu tanto o conflito no ano passado como o de 2008-2009. “Não sou especialista em assuntos milita- res, mas esta guerrame pareceumuito mais feroz, muito mais dura em rela- ção ao bombardeio”, afirma. “Foi o que senti em termos da frequência dos ataques, do número de mortes.” Graças ao aparatode relações públi- cas e ao domínio da fronteira com Gaza, as forças armadas israelenses têmo poder de controlar a percepção externa daquilo que ocorre na região. Nas duas décadas que se seguiram Tyler Hicks / The New York Times

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