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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 7 A foto publicada na Folha de S.Paulo em 26/01/2015 sintetiza o caos vivenciado pelos paulistas. Helena de Lima recolhe água eliminada de uma construção, que escorre pelo meio-fio em plena Rua Augusta S ão Paulo teve um verão complicado por causa de água. Parece até piada de mau gosto: os paulistas têm sofrido tanto por excesso quanto por carência dela. Tem- pestades quase bíblicas geraram caos, mas não foram suficientes para recuperar nememparte os reservatórios do Sistema Cantareira, que já se despede de sua segunda cota de volume morto. Para completar o quadro de horror, a população convive com a escassez e o desperdício. É o que mostra a imagem que roubou a cena, na qual Helena de Lima armazena a água que escorre no meio-fio em plena Rua Augusta. O fato é que a imprensa demorou a alertar a população sobre o que se avizinhava. Para ter uma ideia, nosso principal telejornal reservoumíseros 22 minutos e 7 segun- dos a matérias sobre a “crise hídrica” durante o período de 1º/12/2014 a 22/01 de 2015 (46 programas), enquanto para o surfista Gabriel Medina (que fez por merecer o destaque) foram 23 minutos no mesmo período. O assunto da vitória passou, assim como a esperança de que Santo Expedito tro- casse de lugar com São Pedro. Aí o cenário mudou. A partir do dia 23/01, a falta de água entrou com tudo na pauta do Jornal Nacional , que, até 03/02 (apenas dez pro- gramas), já havia dedicado 43 minutos e 20 segundos ao tema. O noticiário local não ficou atrás: o SPTV também abriu espaço significativo para o descalabro a partir de 14/01, quando o governador admitiu a possibilidade de racionar o precioso bem. No entanto, nenhumveículo praticou o jornalismo preventivo para ajudar a impedir o que viria, embora houvesse estudos científicos que alertavam para a proximidade do problema. A responsabilidade ficoumesmo para São Pedro, que só fez chover 20% do esperado para o verão de 2014. Enquanto isso, a população, confiante de que não haveria escassez, continuou a gastar o volume morto como se não houvesse amanhã. Pois bem, o amanhã chegou, e comele umnovo discurso. Asmanchetes hoje falamde crise de abastecimento, mudança de hábitos de consumo e racionamento. A imprensa agora está fazendo seu papel de informar a população sobre o que está por vir. ■ ROUBOU A CENA EDILSON DANTAS / FOLHA DE SÃO PAULO (ANA PAULA CARDOSO e ANA HELENA BAPTISTA RODRIGUES)

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