RJESPM 14.indb

revista de jornalismo ESPM | cJR 9 aspectonocivo para a democracia apontadoporalgunsnapredominân- cia dasmídias sociais na informação política é aumentar o grau de pola- rização ideológica. Teme-se que tanto no Face- book quanto no Twitter as pessoas leiam e interajam apenas com os que comungamcomseus pontos de vista sobreassuntosmaispolêmicos. ApesquisadoPewResearchCen- ter atenua, se não chega a desmen- tir, essahipótese. Ageraçãoquemais diz agir de acordo como paradigma de buscar a concordância e evitar opiniões contrárias éado baby boom (dos 50aos 69 anos), e assimmesmo apenas 31% deles dizem fazer isso. Os millennials são mais abertos à discordância: só 18% deles afir- mam procurar apenas os que pen- sam similarmente a eles. Alémdomais, como os baby boo- mers são os quemenos confiamnas mídias sociais, o efeito de aumento dapolarizaçãodeveseraindamenor. OutrapesquisadoPewcomprova que a polarização ideológica nos Estados Unidos tem crescido des­ de 1994, mas aparentemente isso não pode ser atribuído às mídias sociais.  ■ entre os que são “nativos digitais”, ou seja, aqueles que foramalfabetizados a partir da primeirametade da década de 1990, quando a internet se disseminou. ODatafolha fez uma pesquisa comessas pessoas, entre 16 e 24 anos, para entender como se dá seu relaciona- mento com os meios de comunicação. O resultado do estudomostrou que 78%dos brasileiros nessa faixa etária têm seu próprio smartphone ou acesso a um da família. Como emoutros países, no Brasil as plataformasmóveis também são preferidas pelos jovens emcomparação com o desktop ou o notebook: apenas 34% dos entrevistados dizem navegar na internet com um PC. Mas, de acordo com o Datafolha, a porcentagem de nativos digitais que dizem se informar (sobre qualquer assunto público, não apenas sobre governo e política, como procurou saber o Pew) preferencialmente pelas mídias sociais é menor do que entre os millennials nos Estados Unidos: 27% contra 61%. O trabalho do Pewexplorou uma variável não abordada pelo Datafolha: o grau de interesse dos jovens pelo noti- ciário político. Nos Estados Unidos, os jovens se dizem menos envolvidos com temas de política do que os de demais gerações. Embora o Datafolha não tenha feito pergunta exata- mente sobre isso, pode-se inferir que o perfil do nativo digital brasileiro é similar, já que, segundo a pesquisa, os itens que eles considerammais importantes em sua vida são saúde, família, trabalho e estudo, seguidos de ami- gos, sexo e beleza. Para a atividade jornalística, o que se pode depreen- der desses estudos é claro: as plataformas móveis são o futuro, os produtos devem ser concebidos para satisfazer quemas utiliza, ideologia não interessamuito ao público. ■ Pesquisa refuta tese de aumento da polarização Sectários Fontes: Datafolha, Pew Research Center e Oxford Reuters Institute Números fortes dos millennials americanos dizemque política é umdos três assuntos de seumaior interesse 26% 51% 59% 15% dos brasileiros que fazem uso de mídias sociais dizem utilizar o Facebook para obter notícias jornalísticas dos baby boomers americanos dizemque política é umdos três assuntos de seumaior interesse 45% 70% dos internautas que postaram no momento algo que estavam vivenciando comentavam algo que viam na TV dos brasileiros que usammídias sociais dizem curtir, postar ou enviar notícias jornalísticas por esses meios dos brasileiros que usammídias sociais dizem utilizar o Twitter para obter notícias jornalísticas de acordo com o datafolha , o nativo digital brasileiro, que passa nove horas por dia conec- tado à internet via celular, é muito conservador. A maioria rejeita a prática do aborto (79%), o uso de maconha (67%) e a audiência de vídeos por- nográficos (51%). E quase um terço (30%) condenaohomossexualismo. Amaioriavalorizamuitoa família (só a saúde é mais importante que ela) e quer ter sucesso profissional (as profissões mais ambicionadas são as mesmas de um século atrás: demédico, advogado e engenheiro). Oestudo, feitoemjunho, antes do augedacrise, jáapontavaadesilusão do nativo digital com o país: 65% diziamquerer viver fora doBrasil. ■ Nove horas por dia ao celular e muito conservador Contraditórios 25% dos entrevistados em 12 países dizem que sua principal fonte de notícia jornalística é o tele- fone celular

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