RJESPM 14.indb
revista de jornalismo ESPM | cJR 17 tiva e out of the box para sobreviver. E é o que tentamos – jornalistas, pes- soas da indústria da comunicação, blo- gueiros, coletivos – fazer a cada dia do novo milênio. Tentar entender, criar, testar, quebrar a cara , tentar de novo. E é desse lugar de participante e de observadora – que está à frente de umprojeto singular de comunica- ção, o Canal Futura, que dialoga pro- fundamente com as tendências que assomam no horizonte – que talvez possa contribuir com o debate sobre o futuro do jornalismo. O documentário Levante! , produ- zido pelo Canal Futura em conjunto com os diretores Suzana Lira e Bar- ney Lankester-Owen é um raio x de um aspecto fundamental da movi- mentação dessas forças: as tecno- logias e como elas impactam mani- festações de jovens, mobilizados em torno de diferentes causas, nos qua- tros cantos do planeta. De “objetos” da notícia, os jovens passam a ser simul- taneamente os narradores, os porta- -vozes dos protestos. Outra realidade O documentário revela ainda como o engajamento facilitado pelas redes sociaiseporoutrasestratégiasdecomu- nicação transborda das telas para as ruas, revelando um ativismo político e cidadão que contrasta com o este- reótipo do jovem plugado e aneste- siado diante de um smartphone. Ao mesmo tempo, em todos os lugares, pode haver uma Noor, um Bruno, um John, umaMalala que estão vivendo e transmitindo o que quer que seja para umouparamilhões. Em Levante! , uma garota de 16 anos, do ensino médio, arregimentoumeiomilhãode seguido- res no Facebook emuma semana para seu diário da guerra na Faixa de Gaza. Os exemplos mostrados no docu- mentário se somam a outras evidên- cias de quanto a mudança de geração está no epicentro das transformações no modo de produzir e consumir as notícias e conteúdos. Umdos estudos mais interessantes, divulgados recen- temente pelo Pew Research Center sobre o comportamento dos jovens em relação ao consumo de notícias polí- ticas, mostra, de um lado, o evidente abandono por parte dos millennials ( jovens entre 18 e 33 anos) das fon- tes tradicionais de notícias, optando pelos chamados agregadores de notí- cias, como oGoogle e o Facebook, para se informar. O estudomostra que seis emdez dos jovens da geração domilê- nio relatam ter obtido as notícias de política por meio do Facebook numa dada semana. De outro lado e justa- mente na direção contrária, 60% dos baby boomers (geração entre 50 e 69 anos) conectados se informam pela TV local. Curiosamente, segundo pesquisas da ScreenMedia e Cassandra Report sobre “o que os millennials querem da TV”, 77% dos 3.044 jovens, pes- quisados emdez países, disseram ser importante estar atualizados com as notícias, a maioria com acesso a elas por meio do Facebook. O estudo tam- bém revela que essa é uma geração extremamente “visual”, conforme atesta o sucesso entre eles do Insta- gram e Snapchat. Nelson Provazi
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