RJESPM 14.indb
revista de jornalismo ESPM | cJR 19 mente domercado, depois de ver seus índices de audiência e suas receitas desabarem, outros surgemou se rein- ventam, apostando em velhos negó- cios repaginados e diversificando a cesta de seus produtos. Um fenômeno recente revela uma tendência curiosa de produção de filmes por parte de tradicionais produtores de notícias, como verificado recentemente com a Newsweek , a CNN e a Condé Nast, e também por parte dos novos prota- gonistas da mídia, como o Buzzfeed e o Vice . Emdiferentes arranjos de pro- dução (em conjunto, por exemplo, com a Fox Filmes, venture capitalists e outros investidores), eles estão se lançando na arena dos longas-metra- gens, seja pela geração de novas recei- tas ou novas reputações. E reputação é material valioso na babel de opiniões do mundo virtual. No Brasil, além da já decana Globo Filmes, tanto a TVFolha, como lança- mento do filme Junho, de JoãoWainer, sobre as manifestações de 2013, como o Canal Futura, como filme Armados , um documentário sobre o armamen- tismo na sociedade brasileira, e bre- vemente coma versão para cinema do documentário Levante! , assimcomo a TVCulturacomo CasteloRá-Tim-Bum , são exemplos dessa diversificação no mercado das notícias e do audiovisual. Oque paramuitos é sintoma da crise foi para o grupo Participant Media, do empresário Jeff Skoll, uma opor- tunidade na contramão das profe- cias em relação à TV e ao jornalismo/ documentários. Antenada no desejo de compartilhamento e de engaja- mento desses novos públicos e apos- tando no potencial do mercado da chamada geração do milênio, a Par- ticipant Media, produtora de filmes sobre causas, como Lincoln e Incon- venient Truth , lançou há dois anos a Pivot TV, cujos conteúdos em grande parte são produzidos e compartilha- dos entremilhares de telespectadores. Todos podem ser produtores A Pivot é um exemplo de como tirar proveito, por meio de múltiplas pla- taformas e estratégias, de evidências que poderiam ser entendidas como ameaças ao fazer jornalístico. Antes o que alguns faziam e eram formados na escola de comunicação para fazê- -lo, hoje supostamente passou a ser exercido por qualquer pessoa. Todos podemser produtores, diretores, artis- tas e contar com algum tipo de palco garantido. Uma geração espontânea de produtores de informação aflorouem escalaplanetária, insinuandoque, defi- nitivamente, cada ser humano do pla- netapodedesfrutardeseus cincominu- tos de fama. Imaginem que somos 7 bilhões de seres humanos, em incon- táveis bilhões de telas de todos os dis- positivos que ainda se inventarão.Cada homemumahistória, umaopinião, uma notícia, circulando livremente e a des- peito do desejo de umveículo emissor. O que pode soar como a debacle da profissão foi adotada pela Pivot, por exemplo, como a matéria-prima riquíssima de sua programação e ilu- minou o papel fundamental que o jor- nalismo pode e deve exercer nesses tempos de multiplicação ingoverná- vel dos conteúdos produzidos emdife- rentes suportes, por pessoas comuns ou incomuns: fazer a curadoria, sepa- rar o joio do trigo dessas toneladas de terabytes de informações. Aexperiência da Pivot indica a rele- vância e também o desafio da prática do jornalismo de fontes múltiplas, em que qualquer pessoa com uma cone- xão de internet, uma página no Face- book e uma conta no Twitter pode ser um gerador de conteúdo. Ou seja, o antigo leitor, ou telespectador, virou o concorrente. A Pivot tomou para si a tarefa de construir qualidade a par- tir da diversidade. Curadoria pura e dura. Criatividade sempre. Embora as iniciativas nesse sen- tido sejam ainda limitadas, aqui no Brasil, a exemplo da Pivot e muito antes dela, o Canal Futura adota há 18 anos estratégias singulares de atua- ção, que levam em conta alguns dos fenômenos que movimentam o cená- rio atual da comunicação e da vida em sociedade: a atuação em rede, a colaboração e a distribuição a qual- quer hora, em qualquer lugar, por diferentes meios. Criado em 1997 e contemporâneo da chamada geração do milênio, o Canal Futura é um projeto de comu- nicação para a transformação social, criado e administrado pela Funda- ção Roberto Marinho, e mantido por recursos investidos por uma aliança de instituições do terceiro setor, com-
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