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22 julho | agosto | setembro 2015 Galvão Bueno pede justiça A promiscuidade com a cartolagem e a confusão entre entretenimento e notícia corroem a credibilidade da TV aberta por juca kfouri durante a aberturada transmissão da final da Liga dos Campeões entre Barcelona e Juventus, pela Rede Globo, em junho passado, o narrador Galvão Bueno fez um ver- dadeiro editorial sobre o escândalo que envolve a cartola- gem do futebol no Brasil e no mundo, graças às investiga- ções realizadas pelo FBI: Não podemos deixar passar em branco e nos esquecer, nes- te momento em que a gente vive muitas tristezas no mundo do futebol. Toda investigação é extremamente positiva e os culpados, sejameles quais forem, têmque ser punidos exem- plarmente. Tem que ser, sim, investigado tudo, e os respon- sáveis, fora e dentro do Brasil, têm que ser punidos. E o narrador finalizou: “Temos que ter a certeza de que a justiça será feita, pra você, torcedor, e para nós que trans- mitimos, para quem vai ao estádio, pra quem curte um espetáculo como esse. Que as investigações sejam sérias, profundas. Quem estiver limpo, fica limpo; quem estiver sujo, que pague pelos erros cometidos”. Irretocável seria o desabafo não fosse por um detalhe absolutamente essencial: Galvão, apesar de nada ter a ver coma corrupção no futebol, sempre conviveu alegremente com alguns dos principais envolvidos no episódio, como o empresário e réu confesso J. Hawilla, dono da Traffic, a maior empresa demarketing esportivo da América Latina, e a mais corruptora também. Se não bastasse, Galvão jamais economizou nas home- nagens a João Havelange, o capo di tutti capi , e a Ricardo Teixeira. Galvão sempre poderá alegar que não sabia, como fazem os políticos em geral. Mas jamais poderá negar que viveu promiscuamente com tais personagens, algo que jornalistas não devem se permitir nem com Jesus Cristo e seus 12 apóstolos. Galvão Bueno não é exceção, ao contrário, e, diga-se, certamente nem percebeu como soou falso o desabafo/ editorial para os que sabem como são suas relações com a superestrutura do poder do esporte brasileiro. Embora soubesse que havia um terceiro tipo, Antônio

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