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revista de jornalismo ESPM | cJR 23 CarlosMagalhães, o coronel baiano que por décadas infe- licitou a cena brasileira, dizia que havia duas espécies de jornalistas: os que se vendem por dinheiro e os que são comprados com informação. No jornalismo esportivo brasileiro não é diferente, embora, felizmente, seja cada vez maior o número dos que não se vendem nem por uma coisa nem por outra. Mas o que temde “jornalista” que trabalha como garoto- -propaganda é uma grandeza. E pouco importa se, também, de marcas que patroci- nam, por exemplo, a CBF. Perdida a virgindade para a publicidade, vale tudo, e a proximidade com os poderosos passa a ser justificada como busca de notícia – só publicada, porém, se a favor ou, ao menos, se neutra em relação aos poderosos. Numa área em que a informação e a emoção se confun- dem, nada parece inaceitável. Estar bem com o presidente do clube campeão é mais de meio caminho andado para obter privilégios na hora da festa, sempre em nome do telespectador. Sim, do telespectador! O uso aqui não é por acaso nem serve como sinônimo de leitor ou internauta, embora possa servir como de ouvinte. Porque tamanha promiscuidade é marca registrada da TV aberta brasileira e da maioria das emissoras de rádio, enquanto os jornalões e seus portais guardam distância de tais práticas. É constrangedor ver – como se viu no escândalo que aba- lou a Fifa, e pôs na cadeia o ex-presidente da CBF José Maria Marin, na TV nacional –, gente que até trabalhou para a Fifa, como membro de seu staff de jornalistas em Copas do Mundo, fazendo cara de paisagem e tratando do tema como se com isenção. Fariam bem nossos jornalistas se aprendessem com a sabedoria mineira e jamais ficassem tão próximos dos poderosos que não pudessem deles se afastar ou tão dis- tantes que não conseguissem se aproximar – mas apenas para se informar. Éde fatoumexercíciodifícil,mais fácil de enunciar doque de praticar, mas que deve ser buscado permanentemente. Mauricio Planel

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