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Impossível dizer quais serão as consequências finais das investigações do FBI e quantos grupos de mídia serão atropelados por elas. Sejam quais forem, que tenham aprendido uma lição elementar: atropelar a ética em troca da exclusividade de eventos pode custar caro não apenas ao bolso, mas à cre- dibilidade de quem negocia com mafiosos. Igualmente, fugir da responsabilidade de informar sobre os bastidores do esporte e inventar uma fórmula emque o entretenimento se sobrepõe à informação tem um preço que, cedo ou tarde, o telespectador cobrará. A “leifertização” da cobertura esportiva, emque a graci- nha ocupa o espaço da notícia, é a maneira mais cômoda de evitar problemas com os sócios no negócio das trans- missões, mas a mais rápida para perder a credibilidade perante o telespectador inteligente. Separar o evento do jornalismo, a transmissão do jogo do noticiário, é o caminho que as redes sérias de TV pelo mundo afora encontraram – e não é de hoje. A compra de um evento não transforma, ou não deve transformar, o comprador em sócio do vendedor. Essa foi a confusão que, no Brasil, transformou J. Hawilla no arquivo vivo que hoje assombra, além da cartolagem do futebol, a mídia nacional, e seus ex-sócios nos mais diferentes setores de atividades espúrias. ■ juca kfouri é colunista da Folha de S.Paulo e está também na ESPN-Brasil. Foi diretor das revistas Placar e Playboy , comentarista esportivo do SBT e da Rede Globo. Participou do programa Cartão Verde , da Rede Cultura, e apresentou o Bola na Rede , na Rede TV, e o Juca Kfouri ao Vivo , na Rede CNT. 24 julho | agosto | setembro 2015 Mauricio Planel

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