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34 julho | agosto | setembro 2015 estamos vivendo a era de ouro dos documentários (mesmoque aquele seu vizinho documentarista sem dinheiro nãoache).AHBO,oNetflixeaPBSestão produzindofilmesexcelentesquegeram maisdebatequeo jornalismo impresso. Filmes como Blackfish , Virunga , Going Clear e Restrepo sãoexemplospremiados eprovocativos. Documentários depen- dem do elemento dramático que gera comentários, que atraemespectadores e anunciantes. E, comoRobertRedford disse à BBC em 2012, documentários superamos jornais emmatéria de ofe- recer “uma formamelhor da verdade”. O impresso faria bem em ficar de olho nesse primo escolado, e quem sabe aprender alguma coisa. Oque torna odocumentáriomelhor que o impresso para transportar a ver- dade? Osmais bem-sucedidos combi- nampartidarismo comproximidade. O filme toca o espectador no presente, enquanto o impresso, buscando obje- tividade, tem que ficar no passado. “Abandonei a fotografia porque ela não podia me dar as coisas que eu sabia que os filmes podiamoferecer”, disse Willard Van Dyke, o padrinho dosdocumentários, emuma entrevista para a revista FilmComment em1965. “Eu estava empolgado e interessado no filme como ummeio de expressão, mas estava aindamais interessado em usá-lo como um fim social.” Otruquequeodocumentário temna mangaéqueparece imparcial,mas car- rega tanta ideologia quanto qualquer outromeio. Em2004,MichaelMoore lançou Fahrenheit 9/11 , quedesdeentão arrecadouUS$222milhões nomundo inteiro e se tornou o documentário de maior sucesso até hoje. Ele começa com a apuração jornalística, mas des- lancha com a narrativa sarcástica e arrebatada, mas confiável, de Moore. Ela é umcomponente vital, seja implí- cita ou escancarada, da experiência do documentário. A persuasão é uma das principais funções do documentário. Aí está o seu grande potencial para transfor- mações, o que vem sendo reconhe- cido há tempos. Os documentários surgiramcomo uma forma de expres- são da esquerda nos anos 1930, uma época de agitação política e crise eco- nômica nãomuito diferente do nosso tempo. Outro componente vital do filme de Moore é, obviamente, seu humor cáustico. Uma boa dose de iro- nia também ajuda – é o que mostra o sucesso de repórteres-comediantes da TV, como Jon Stewart e Stephen Colbert, que tiram vantagem do jogo que mescla ficção e realidade. A arte do cinema é impressionante. Ojornalismo impresso, pormais cuida- dosa que seja sua apuração e por mais belaque seja suaescrita, nuncavai con- seguir superar completamente a van- tagem estética do filme. Os maus-tra- tos às baleias do Sea World já tinham aparecido emvárias reportagens antes do lançamentododocumentário Black­ fish , em 2013. Mas foi por causa do filme “assustador e brutal” deGabriela Cowperthwaitequeoassunto tocouos O documentário é hoje o meio mais eficiente de levar uma boa história até o público por richard gehr O melhor do jornalismo está no cinema

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