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46 Julho | agosto | setembro 2015 nos dias de hoje é questionável. Computadores e smartphones estão por toda parte e, portanto, a capaci- dade de leitura nesses equipamentos – tanto a de “nativos” como a de “imi- grantes” digitais – pode ter melho- rado nas últimas duas décadas. Estu- dos divulgados de lá para cá sugerem que livros digitais são tão eficazes quanto impressos para universitá- rios. Já em 2008, um estudo feito por James A. Shepperd e colegas indi- cava que a nota de estudantes era a mesma independentemente do for- mato do livro didático. E, no ano pas- sado, Guang Chen e outros pesqui- sadores em Pequim demonstraram algo que só não parecia óbvio para os mais tecnocéticos: quanto mais desenvolto for o leitor no manuseio de tablets, maior sua compreensão na leitura com o aparelho. Entender como o leitor apreende e armazena a informação é crucial para o jornalismo, pois boa parte da ciência estabelece uma relação direta entre esses fatores e a capaci- dade do leitor de criar empatia. Mas certos processos usados para dige- rir a informação no impresso não valem, necessariamente, para o lei- tor de hoje. A leitura no digital, ao que parece, pede outra estratégia. É preciso saber navegar num mar de informação mais dinâmico. Pensemos namídia impressa como a planta ortogonal de umametrópole infindável, feita de ruas e avenidas que se estendemaos rincões mais longín- quos do universo. Ao decidir o que ler, você vai de uma rua a outra, num tra- jeto no qual o percurso importa tanto quanto o destino. De certomodo, esse vasto terreno é imensurável.Mas tam- bém é restrito – não só pela geogra- fia bidimensional, mas tambémpelas quatro direções que alguémpode usar para percorrê-lo. Durante séculos, foi assim que o público consumiu a mídia impressa: esquadrinhando títulos, índices ou bibliotecas, escolhendo e lendo aquilo que despertava seu interesse e, isso feito, repetindo o processo. Essa paisagem de leitura tem suas vantagens; quem percorre uma rua de cabo a rabo vai passar por cruza- mentos e conhecer novos bairros. O grande potencial de um jornal, por exemplo, é que jornalistas usamo veí- CJR / Ruth Fremson / The New York Times / REDUX A menina Dasani, ao lado da mãe, Chanel, comemora o aniversário no albergue onde vivia quando foi feita a reportagem do NYT
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