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revista de jornalismo ESPM | cJR 7 A repercussão da morte de Cristiano Araújo nas mídias sociais levou as TVs a ampliarem a cobertura do fato. Na imagem, fotógrafos e repórteres acompanham a chegada do corpo do cantor ao Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia, para o velório quando kurt cobain morreu , em abril de 1994, diversos veículos jornalísticos de prestígio nos Estados Unidos deram a notícia com menos destaque do que provavel- mente deveriam. Foi só depois de seus editores e dirigentes terempercebido o trauma que o suicídio do líder do Nirvana causara entre os adolescentes na própria casa e na de parentes e ami- gos que diversos reverteram a decisão e abriram espaço para a notícia, uma das maio- res da última década do século 20. Muitos analistas trataram de tentar compreender como era possível se ter criado um abismo de gerações tão grande a ponto de uma das figuras mais populares para os jovens da época ser quase desconhecida dos adultos. A morte de Cristiano Araújo em junho mostrou existir no Brasil fosso de dimensões similares àquele nos Estados Unidos 20 anos atrás, mas social, não etário. O cantor sertanejo era tão desconhecido da elite cultural e econômica do Brasil que dois importantes jornalistas chegaram a trocar seu nome no ar pelo de Cristiano Ronaldo. As emissoras de TV responderam à intensidade da comoção de milhões de fãs com uma cobertura excepcional em termos de tempo e proeminência. Até a sagrada Sessão da Tarde , da Rede Globo, foi cancelada para dar lugar a transmissões ao vivo dos des- dobramentos e repercussões da tragédia. Essa reação imediata ocorreu devido à imensa reverberação do fato nas mídias sociais, assim que ele foi divulgado. Elas não existiam quando Cobain se matou, e, por isso, os veículos tradicionais levaram ao menos um dia para ampliar seu noti- ciário a respeito. Agora, a enorme e frenética disseminação de informações e comentários nas mídias sociais comprovaram seu poder e também suas deficiências, como a divulgação mas- siva de fotos do atendimento do artista ao chegar ao hospital e do seu corpo em pre- paro na clínica de tanatopraxia. ■ roubou a cena Joel Rodrigues/agência estado
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