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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 11 O líder Gallup desiste das primárias CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é livre-docente, doutor e mestre em comunicação; foi diretor-adjunto da Folha e do Valor . PESQUISAS ELEITORAIS omais tradicional e respeitado ins- tituto de pesquisas de opinião pública dos Estados Unidos, o Gallup, anun- ciou que não vai fazer pesquisas de intenções de voto nas eleições primá- rias presidenciais de 2016. Adecisãosurpreendeuomundopolí- tico americano e confirma a seriedade dacrisequeesse setor enfrentanopaís, devido à aparente incapacidade de sua metodologiadedarcontadasmudanças de demografia e comunicação no país. O Gallup havia anunciado ao final do pleito de 2012 que iria fazer revi- são completa de sua metodologia de trabalho. A reeleição deObama foi o segundo maior erro de previsão da história do Gallup, que em1948 cravou que o opo- sicionista Thomas Dewey venceria com folga, e o presidente Harry Tru- man ganhou. Em2012, oGallup disse queObama perderia de Mitt Romney, por dife- rença de umpontopercentual (Obama ganhou por 3,9 pontos). A principal dificuldade de método diagnosticada é que o Gallup histori- camente fez entrevistas comeleitores pormeio de ligações a telefones fixos, compondo a amostragemcombase na área de residência dos consultados. A disseminação do celular atrapa- lhouométodoeemboraoGallupagora tambémligueparacelularesparecenão ter atingido a fórmula ideal. No Brasil, o problema é menor: os institutos sempre fizeramas entrevis- tas pessoalmente, devido à pequena porcentagemde pessoas comtelefone fixo no país (ao contrário dos Estados Unidos, onde o telefone se universa- lizou rapidamente). O Datafolha, por exemplo, faz as entrevistasnas ruas, dada adificuldade de, respeitando todos os procedimen- tos necessários, ter acesso a residên- cias localizadas emcondomínios, edi- fícios ou favelas. ■ O vitorioso Harry Truman com jornal que anuncia sua derrota em 1948 DEPOISDE26ANOSde atividades, oProjeto Inter-Meios deixou de existir emagosto. Era umdosmais valiosos instrumentos de análise domercado de comunicação doBrasil, por fornecer nú- meros fidedignos de faturamento publicitário dos veículos. Iniciativa da revista Meio&Mensagem , o projeto era apoiado por quase todos grupos de comunicação importantes do país, que se cotizavam para cobrir os seus custos e enviavam a ele números confidenciais de seu faturamento, os quais eram tra- tados em sigilo e sob auditoria da PricewaterhouseCoopers. O projeto começou a fazer água com a recusa de grupos de internet, como Google e Facebook, em participar. Como se sabe, essas empresas globais de tecnologia se tornaramenor- mes captadores de publicidade. Sem os seus números contabilizados, o que o Inter-Meios reportava deixou de corresponder à realidade integral e po- tencialmente prejudicaria os que continuassem a relatar os seus números de faturamento. Trata-se de significativo retrocesso para a indústria da co- municação do país, que deixa de ser transparente para a so- ciedade e para o própriomercado. As entidades empresariais que resolveram abandonar o Inter-Meios (Aberft, ABL, Ab- mooh, Aner e ANJ) dizem que vão buscar “uma solução ade- quada a todos os meios de comunicação e que atenda ao mercado”. Mas a promessa parece vaga e não foi apresentada com nenhum cronograma. Google e Facebook dizem que não podem informar seus da- dos de faturamento no Brasil devido a suas políticas globais de governança. ■ MÁ NOTÍCIA O fim lamentável do Projeto Inter-Meios LATINSTOCK

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