RJESPM 15
16 OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO 2015 IDEIAS + CRÍTICAS J. ROBERTO WHITAKER PENTEADO Afinal, qual é a nossa profissão? Em meio ao desemprego que ronda o ambiente de publicitários e repórteres, uma coisa é certa: a sociedade sempre vai precisar de quem trabalha na área da comunicação Advertisements contain the only truths to be relied on in a newspaper. Thomas Jefferson Advertising is legalized lying. H.G. Wells tenho tido, commeu amigo e inter- locutor Eugênio Bucci (não por coin- cidência, tambémo diretor de redação desta revista), estimulantes conversas sobre duas profissões que se inseriam no que a legislação educacional brasi- leira chamou de comunicação social: jornalismo e publicidade. Os puristas – de ambos os lados – insistem que elas estão a quilômetros de distância uma da outra, sobretudo distância ideoló- gica. Os mais flexíveis – e incluo-me entre eles – veem-nas como paren- tes próximos. No jornalismo, difundiu-se a noção de que as atividades da redação são quase religiosas. É a Igreja ; enquanto o Estado incluiria as atividades nego- ciais dos donos dos jornais (ou das emissoras de rádio, TV etc.), o que inclui, naturalmente, os anúncios e comerciais nelas inseridos e que se constituíram – durante anos e déca- das – numa de suas principais fontes de receita. Esse foco religioso acabou levando- me a uma instrutiva excursão pelo Google, que me informou da existên- cia de um patrono geral das comu- nicações, que é o arcanjo Gabriel, o mensageiro por excelência. Mas ele foi, a rigor, mídia ou veículo. Procu- rava pelos padroeiros dos conteúdos: jornalístico ou publicitário. Descobri que não são os mesmos, embora ami- gos tenham insistido que a primazia se deveria ter atribuído ao apóstolo Tomé, pela sua persistência na busca pela comprovaçãoda verdade –para os jornalistas –, e São João Crisóstomo, um dos doutores da igreja grega, tão famoso pela sua eloquência que foi apelidado de O Boca de Ouro, inspi- raria e protegeria os publicitários... Mas não. Opatrono dos jornalistas – e escritores – é São Francisco de Sales, bispo de Genebra, Suíça, que viveu no século 16 e recorreu amplamente à recentemente inventada imprensa de tipos móveis para a divulgação de suas ideias. Talvez, por extensão, pudesse também ter tido simpatia pelos publicitários – mas a função de santo padroeiro oficial já estava sendo ocupada, desde o século anterior, por São Bernardino de Sena, que é consi- derado, até hoje, umdos maiores pre- gadores da história, tendo convertido milhares de pessoas à fé cristã, além mais de 2.000 novos frades para a sua ordemfranciscana. Ele inventou, tam- bém, uma sigla/logotipo, JHS (Jesus Salvador dos Homens). Eu, pecador... Quandonasci – emSãoPaulo, no início dadécadade 1940–,meupai trabalhava como speaker de rádio (aindanãohavia a profissão de radialista ), gozando até de certo sucesso e autografando foto-
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