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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 25 Parto em busca do impossível. Vamos ver se posso encontrá-lo. Antonin Artaud não sei se existe amais bonitade todas. Não sei se podemos encon- trá-la. Mas a busca, só pelo prazer da busca, já vai valer a pena. É o que estou fazendo nesta matéria. O que as revistas fazem de bonito? Quais são as revistas que fazem bonito? Quem são os designers que fazem revistas bonitas? Comecei omeu trabalho pela capa, é claro. É a primeira coisa que a gente vê. Às vezes, é tão ruimque a gente não quer ver o resto, admito. Antigamente se trabalhava muitomais pelo impacto que a capa teria na banca. A revista que ia para a casa do assinante causava menos preocupação porque, de fato, o assinante compra uma fórmula edi- torial, não compra edição por edição. Ele não é atraído pela matéria de capa, mas pela fórmula. Mas é preciso ter cuidado com essa his- tória de que o assinante não liga para a capa. Não é bem assim. Se começo a receber na minha casa uma revista feia, isso também é um problema. Quer dizer: a capa funciona, sim, para o assinante, ao con- trário do que se pensou por muito tempo. Assim, parti em busca das capas mais lindas e minha pesquisa me levou aos anos 1950. Há muita capa boa, mas são mais antigas. Pou- cas recentes. Por duas razões: primeiro, porque os artistas gráficos que fizeram coisas que a gente ainda segue não são de agora. Esses caras quebraram tabus e estabeleceram novos padrões lá atrás – e eu, pelo menos, acho que temos de observá-los até hoje. A segunda razão é a originalidade e a coragem dessas capas mais antigas, que se tornaram clássi- cas. A gente não vê mais, ou pelo menos não vê a toda hora, a mesma coragem e a mesma originalidade. Vamos lembrar que, durante umbomtempo, as revistas não tinhamchamada de capa. A ima- gem fazia o serviço sozinha. Talvez, por isso, havia uma liberdade de criação tão grande. Um bom exemplo são a Vogue e a Bazaar , que mudavam o desenho do logotipo. “O logotipo é imexível”, a gente vive ouvindo. Naquele tempo, não era. Eles achavam que, de vez em quando, podiam mudar. E mudavam maravi- lhosamente. As capas eram limpas de pala- vras. O que vendia era a imagem, pois o pri- meiro impacto quando se olha uma capa vem da imagem. Se a gente pensar bem, uma ima- gem forte pode ser um texto. Exerce a função do texto. A imagem diz. Com isso de não ter chamada, as imagens eramabsolutamente livres. Algumas capas que selecionei para esta matéria seriam impensá- veis de fazer hoje. Logo iria aparecer o sujeito ajuizado: “Se não tem chamada de capa, não por thomaz souto corrêa Quem é a mais bela? O desafio lançado ao maior mestre revisteiro do Brasil – encontrar a revista mais bonita do mundo – rende uma aula de elegância e inteligência em depoimento a Eliane Stephan e Eugênio Bucci

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