RJESPM 15
30 OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO 2015 ao longo do tempo, alguma liberdade se per- deu. Temosmedo de errar. É uma pena. Temos que errar, porque o erro faz parte de qualquer coisa criativa. Você aprende com o erro. Tem que arriscar. Capas irresistíveis Comecemosporumacapada Esquire ( p. 27 ).Olha isso! “Oh my God – we hit a little girl” (“Deus do céu, matamos uma garotinha”). Nesse caso, a frase é a imagem. Não há fotografia, nada. Só essa frase estampada. Éuma criação deGeorge Lois, que ficou dez anos fazendo as capas da Esquire . Éuma coisa irresistível. Qualquer pes- soa vai querer saber por que dois soldados ame- ricanos noVietnã disseram“a gentematouuma criança”. O impacto émuito grande. É como se você visse a menina morta. Acapada Life que temumfeto foi umaconte- cimentomundial ( p . 29). Nunca ninguémhavia fotografado umfeto. Discutir se é bonito ounão é menor diante da importância dessa imagem até então inédita. Isso é Life desde o começo. Outra capa impactante como retrato de guerra é a da Paris Match (p. 29). Capa muito bonita. Foto ótima. Tem uma coisa de atuali- dade que eu acho importante. A capa do Nor- manRockwell é umretrato dos EstadosUnidos (p. 28) . Se você quiser ver a América – espe- cialmente a América daquele tempo – observe NormanRockwell. É umretrato fiel do que ele observava na vida de todo dia, na vida domés- tica, da família. Graças a ele, a gente vê o filho que estava na guerra e voltou para visitar a mãe, o filho descascando batata com a mãe. A capa da U&LC ( Upper & Lower Case – caixa alta e baixa, em português) é como a do George Lois, que só tem texto (p. 26) . O autor, Herb Lubalin, é um artista especializado em fonte e tipografia, por isso leva uma vantagem enorme. Fez uma capa fortíssima com quatro ou cinco palavras. Acapada NewYorker feitapor Saul Steinberg é uma visão que chocou o mundo (p. 28) . Não no sentido negativo, mas de admiração: “Como é que o cara consegue desenhar o mundo do ponto de vista de um prédio de Manhattan e consegue enxergar até o outro lado do Oceano Pacífico?”. Não é à toa que essa capa virou um cartaz, vendido até hoje emNova York. Tinha um pouco de gênio aí. Demi Moore grávida na Vanity Fair é outro gesto de coragem (p. 33) . Tem uma história boa aí. Primeiro, Demi Moore e a Annie Lei- bovitz, uma das fotógrafas mais influentes de toda a história das revistas, fizeram a capa que tinha sido encomendada. A Demi Moore coma roupa, tudo bonitinho. Aí a Annie falou: “Vamos fazer uma foto sua nua?” Ela topou, IMAGENS: REPRODUÇÃO/ARQUIVO PESSOAL
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