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68 OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO 2015 Fôlego renovado O podcast é um bom exemplo de como o rádio conseguiu se reinventar e oferecer aos ouvintes um catálogo potencialmente infinito, num formato à la carte afrançaéconhecida hámuito tempo –comaltos ebaixos –pelavitalidadede sua produção intelectual, literária, cul- tural e artística. Seu jornalismo, de tra- dição engajada, à direita ou à esquerda, marcadamenteposicionado, ideológica e politicamente dividido, não cons- titui em sua maior parte um grande exemplo de busca da objetividade no noticiário, mas nem por isso deixa de abraçar com intensidade todo tipo de inovação tecnológica que lhe permita encarar as novas formas de relaciona- mento entre as pessoas – individual- mente – e entre o público e os veícu- los de comunicação. Dentre os diversos suportes jorna- lísticos, um dos que mais se têm des- tacado nesse sentido é o rádio, que demonstra, a rigor desde o advento da televisão, emmeados do século pas- sado, uma capacidade de resistência e de reconfiguração, como meio de comunicação, absolutamente ímpar. Até poucos anos atrás, a única possibilidade de ouvir um programa de rádio que você tivesse perdido, ou reescutá-lo, era tê-lo gravado ou pedido que alguém o gravasse para você. Ou seja, umdesejo quase impos- sível de ser realizado na maioria dos casos. Esse esforço parece enorme- mente artesanal e ultrapassado hoje em dia, ao menos em alguns países. E é justamente o caso da França, por exemplo, onde cerca de 40 emisso- ras de rádio já disponibilizamamaior parte de sua programação não apenas ao vivo em seus sites na internet, mas também, paralelamente, empodcasts, que são usados por um número cada vezmaior de pessoas. Overbo podcas- ter (algo como “podcastar”) já virou de uso comum. Os podcasts, como se sabe, são arquivos digitais selecionados e dis- poníveis para audição (como “blogs sonoros”) a qualquer hora do dia, em PCs, smartphones ou tablets. Nasce- ramem2004 (“podcast” foi escolhida em2005 como a “palavra do ano” pelo NewOxfordAmericanDictionary ) e se tornaram um dos instrumentos mais populares de divulgação pessoal ou coletiva de conteúdo. Eles integrama avalanchede aplica- ções tecnológicas que vemrenovando as formas de comunicação, propondo, quando não impondo, inéditos e inú- meros desafios, quase uma reciclagem ENQUANTO ISSO NA FRANÇA... BERNARDO AJZENBERG

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