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70 OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO 2015 de neve que não sabemos quanto irá crescer, muito menos onde, quando, ou se estacionará. Só nos últimos anos os podcasts foram incorporados commais ênfase pelos veículos de comunicação, com destaque para as emissoras de rádio, nas quais começam a se impor como um ingrediente obrigatório em seus sites na internet. Apartir do catálogodisponibilizado por intermédiodessa ferramenta, você mesmo faz a sua seleção e escuta os seus programas preferidos em qual- quer dispositivo quando e na ordem em que quiser – e quantas vezes qui- ser. Eis o seu grande diferencial: a for- mação de uma estação de rádio pes- soal, à la carte. Fica claro, portanto, que, quanto maior for o acervo acu- mulado, maior será o universo de con- teúdo ao seu alcance. Ao alcance de um clique A joia da coroa, no caso francês, está na reunião, desde 2012, dos arquivos das estações de rádio pertencentes à Radio France, a rede pública de emis- soras de qualidade, que se desdobra em sete canais, com destaque princi- palmente para cinco pesos pesados: France Culture, France Inter, France Musique e France Info – tudo isso em um único aplicativo. Nem sempre se trata do arquivo integral, de toda a vida dessas esta- ções, mas da programação completa que fica disponível em alguns casos pormais de três anos depois da divul- gação original, o que já é conteúdo suficiente para preencher nomínimo algumas centenas de noites de insô- nia, se for o caso. AFranceCulture, emespecial, é um baú de gravações valiosas. Em seus podcasts, você pode ouvir entrevistas originais com Roland Barthes (1915- 1980), umdosmaiores intelectuais do século 20, com o escritor e jornalista JosephKessel (1898-1979), grande via- jante e roteirista, ou o célebre dese- nhista Moebius (1938-2012), entre tantos outros. Esse material provém de uma programação diária que atra- vessa as madrugadas, baseada em sua maior parte na reprodução de arqui- vos radiofônicos históricos. Destaque tambémmerece a revista cultural diária da emissora, intitulada LaGrande Table (“Agrandemesa”, em tradução livre), com a presença de personalidades da literatura, cinema, artes plásticas e música. Na France Musique, encontram- se registros de recitais e concertos históricos, trilhas sonoras de filmes, um especial sobre Martha Argerich, “a leoa do piano”, e assim por diante. Mas há uma pequena janela, também, ainda que apenas semanal – há quem se queixe dessa lacuna –, para o pop: o programa Label Pop , focado no que há de mais atual nesse gênero. Uma opção muito interessante, na France Inter, é o programa Nuits Noires (“Noites negras”, em tradu- ção livre), uma mistura intrigante de música e dramaturgia radiofônica. Mas há também L’Instant M (“O ins- tanteM”, em tradução livre), umpro- grama matutino de 20minutos sobre a própria mídia (televisão, rádio, jor- nais, web). France Info é uma estação emi- nentemente noticiosa, com diversos programas de cultura, lazer, ciência, economia, esporte, saúde etc., e seus podcasts refletem esse espírito de “atualidades”. Para umpúblico tipicamente jovem, amante do universo pop, uma opção mais atraente talvez seja a rádioNova, que tem certamente a mais criativa, sofisticada, inovadora e abrangente playlist musical da França, além de programas de caráter jornalísticodeli- ciosamente charmosos e cheios de humor, como o 2h15 Avant la Fin du Monde (“2h15antes do fimdomundo”, em tradução livre). Mais populares, generalistas e cer- tamentemais “baixadas” que as ante- riores, a Europe 1 e a RTL são aquilo que se chama de “canhões” da comu- nicação, e seus podcasts, anteriores em existência aos da Radio France, refletem a imensa variedade de sua audiência, oferecendo uma tempe- ratura de como anda o gosto do fran- cês médio. Por falar em gosto, é necessário mencionar a Arte Radio, a emissora de rádio do canal Arte na web, que é vista por muita gente como o “top” emmatéria de podcast radiofônico – mas não só, a começar pelo seu visual contemporâneo irresistível –, cujo catálogo, com ênfase no jornalismo cultural, permite ao ouvinte explo-