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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 77 antes de alcançar a vice-presi- dência na chapa de Bill Clinton (1992). Como senador, tornou- -se conhecido por colocar em discussão as emissões de car- bono, o efeito que teriam para o planeta e a necessidade de a maior economia do mundo, os Estados Unidos, buscarem for- mas não poluentes de energia. Desde que perdeu a disputa pela Casa Branca, em2000, para GeorgeW. Bush (cético quanto às mudanças climáticas), Gore pas- sou a circular omundo pregando emconferências como as que de- ram origem ao filme Uma Verda- de Inconveniente , de 2006. Extre- mamente didático, o filme per- mite entender bem do que se es- tá falando. É um pouco assusta- dor porquemuito do que ele pro- jetava então para um futuro dis- tante já está acontecendo. Para os jornalistas, há algo bastante sensível na parábola que ele conta do sapo e da pa- nela de água: se o sapo pula na água quente, sente a diferença e repele; mas se está dentro de uma panela cujo líquido se aque- ce lentamente, não vê as mudan- ças e quando se dá conta está co- zido... Em vez de se comportar como termômetro que aponta rapidamente a água quente, a imprensa internacional tem si- do um instrumento de distração, entretendo o sapo no lento pro- cesso de cozimento. Há mundo por vir? Em setembro de 2014, o antro- pólogo Eduardo Viveiros de Cas- tro promoveu no Rio o simpósio internacional “Os Mil Nomes de Gaia”, com estudiosos de diver- sos países e diferentes linhas de pesquisa, para debater o con- ceito de Antropoceno, que ex- pressa a ideia de que muito mais do que meras alterações climáticas, o planeta adentrou uma nova era geológica, marca- da pelos efeitos da ação huma- na sobre o ambiente. A conse- quência, segundo essa teoria, é uma mudança dramática de to- das as formas de vida no plane- ta, o “fim do mundo tal como o concebemos até hoje”. Antes do evento, Viveiros de Castro e Déborah Danowski pu- blicaram o livro Há Mundo por Vir? , em que exploram em dife- rentes ensaios-capítulos as mui- tas visões do fim do mundo nas ciências, nas religiões e na cultu- ra como um todo, passando pelo cinema e pela literatura, incluin- do um panorama didático sobre a discussão sobre o conceito de Antropoceno, para facilitar a vida de quem não está afeito. O livro e o conjunto de pales- tras e ensaios que compuseram o evento, agora reunidos no site http://osmilnomesdegaia.eco.br permitem ao leigo ter um bom retrato do estado da arte dos debates sobre as mudanças no planeta e seus reflexos na cul- tura contemporânea. Amazônia ameaçada Em outubro, a revista National Geographic colocou no ar o site Amazonia Under Threat (Ama- zônia Ameaçada), com informa- ções multimídia sobre a maior floresta do planeta e sua pro- gressiva destruição. O site baseou-se em reporta- gens in loco e, como sempre, com omelhor da fotografia de nature- za e ambiente. É editado de for- ma a dar ao leitor a sensação de estar navegando pela floresta, com seus sons e, originalmen- te, um ambiente de muita água. www.cop21paris.org Tem a agenda completa e cobertura dos acontecimentos antes e durante o encontro. osmilnomesdegaia.eco.br Evento “Os Mil Nomes de Gaia”, ocorrido no Rio em setembro de 2014. É possível ver vídeos e ler ensaios de cientistas sobre o impacto do homem sobre o planeta. www.nationalgeographic. com/climate-change/explore amazonia/#/ National Geographic especial Amazonia Under Threat (Amazônia Ameaçada). Desflorestamento Muitas das informações publi- cadas no site especial da Natio- nal Geographic sobre ocupação e desflorestamento da Amazô- nia, não apenas no Brasil, mas em todos os países latino-ame- ricanos que partilham a flores- ta, são originárias de um am- plo relatório inédito chamado “Deforestación en la Amazonía (1970-2013)”, produzido por um coletivo de entidades ambienta- listas de toda a América Latina. A Rede Amazônica de Infor- mação Socioambiental Geore- ferenciada (RAISG) tem por ob- jetivo criar uma agenda comum de ações, estudos e reações às ameaças à floresta nos diver- sos países. Para isso, uma im- portante dificuldade era homo- geneizar as fontes de informa- ção e os dados, para que fossem comparáveis. Depois de vários anos de estudos feitos por cien- tistas e técnicos, a entidade pô- de criar um protocolo de padro- nização das fontes e do proces- samento dos dados. O resultado é uma visão continental do es- tado da Amazônia em todos os países, publicado em setembro. IMAGENS: REPRODUÇÃO
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