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78 OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO 2015 REPRODUÇÃO O relatório aponta detalha- damente as principais fontes de ameaças e o ritmo de redução da floresta em cada país. A vi- são conjunta aponta que nos úl- timos anos o ritmo de destruição reduziu-se, mas segue consisten- te, semações de recuperação em qualquer ponto. “Desmatamento cresceu 37% em 13 anos e pres- siona as cabeceiras dos rios ama- zônicos”, diz a manchete interna do relatório de 48 páginas, des- tacando a ocupação destrutiva de áreas dos Andes onde nascem os rios da Amazônia. As fotos da Terra e o movimento ambientalista Caetano Veloso compôs a bela canção Terra diante do impacto da visão das fotografias do pla- neta captadas por uma missão espacial norte-americana, divul- gadas exatamente quando ele estava preso antes de ser exila- do, durante a ditadura militar. Como Caetano, muitas pes- soas se impactaram, potencia- lizando o movimento ambien- talista em todo o planeta. É o que afirma a pesquisadora Li- liane Pellegrini Pereira (Facul- dade Cásper Líbero) no estudo “Earth: The Impact of the Ima- ge of the Planet in the Environ- mental Movement”, submetido ao 9 º Congresso Internacional Chileno de Semiótica (realizado em Pucón, Chile, em outubro). Segundo o trabalho (cujo re- sumo pode ser acessado nos anais no site do evento, sob o número 110), “o impacto dessas imagens promoveu transforma- ções sociais, políticas e cultu- rais nos anos seguintes”, rela- cionando-se com as mobiliza- ções ambientalistas. ■ Deforestación en la Amazonía (1970-2013). Ed. RAISG, 2015. Terra: O Impacto da Imagem do Planeta no Movimento Ambientalista www.congresosemiotica.ufro.cl (Ponencia # 110) AUTOBIOGRAFIA Walter Clark vive e morre de novo É CURIOSO LER A REEDIÇÃO da biografia do principal execu- tivo por trás da montagem da TV Globo no momento em que a emissora, como de resto toda a televisão brasileira, atravessa uma crise sem precedentes que parece indicar o fim do modelo dominante que marcou os últi- mos 50 anos da história do país. Walter Clark abriu a vida to- da ao jornalista Gabriel Priol- li em O Campeão de Audiência – Uma Autobiografia (Summus), lançado em 1991. Desde que deixou a emissora, em 1977, vi- nha amargando sucessivos fra- cassos, alguns megalomanía- cos, que o levaram à penúria, a ponto de não ter dinheiro para cobrir diversas passagens por hospitais nos anos finais da vi- da. Morreu em 1997. Os seis anos finais foram de depressão potencializada pelo vício: “O álcool acelerou a de- pressão, mas foi mais efeito de- la do que causa. A estaca no co- ração, que seguiu cravada nele para a eternidade, foi mesmo a frustração de deixar a Globo e de não conseguir retornar”, escreve Priolli, coroando com um posfá- cio à nova edição o texto primo- roso que ele imprimiu ao livro. Todos os que acompanha- ram seus passos desde a saída da Vênus Platinada notavam o desejo de chegar de novo aos píncaros que atingiu na TV que criou, desde a sede no Rio, a partir de 1965, até transformá- -la em dona do Brasil, como já era quando foi demitido. O Brasil inteiro se pergun- tou por que Roberto Marinho o mandou embora. Clark respon- de no livro, como ele mesmo diz, de forma não direta. Como sempre, essas coisas não têm uma única causa, mas diversas que se acumulam. A gota d’água foi seu com- portamento impertinente, mo- vido a uísque, em alguns epi- sódios públicos em que se con- frontou com símbolos da dita- dura: Clark acreditou demais na abertura conduzida pelo presi- dente general Geisel (1974-79) e não aceitava a censura a pro- duções caras da Globo, como Roque Santeiro , nem os sala- maleques com que outros di- retores se curvavam aos gene- rais. Em um episódio, já bêbado Uma Verdade Inconveniente (An Inconvenient Truth) Al Gore. Hollywood, CA: Paramount Classics, 2006 Há Mundo por Vir? Déborah Danowski e Eduardo Viveiros de Castro Ed. Cultura e Babárie + Instituto Socioambiental, Rio, 178 págs., 2014 REPRODUÇÃO ANTÔNIO MOURA / ARQUIVO O GLOBO
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