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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 7 emjaneirode 2013 , dias antes da realização da abertura do 43º encontro do FórumEconô- micoMundial, emDavos, na Suíça, os organizadores do evento anual dos poderosos deste planeta a que chamamos de nosso, a Terra, divulgaram em seu site oficial um documento com os “Fatores X” da nossa era. Em uma síntese sofrível, os tais fatores eram cinco: (1) a potencialização do cérebro pormeio de estimulantes químicos ou eletrônicos (numa revo- lução que traz o risco da fabricação de super-humanos, capazes de dominar os demais), (2) as mudanças climáticas que nunca foram tão erráticas, (3) o emprego desordenado de tecnologias que podem trazer efeitos colaterais desastrosos, (4) os custos elevados gera- dos pelo aumento da longevidade dos terráqueos e, por fim, (5) o anúncio da descoberta de vida extraterrestre. O FórumMundial não se ocupa de ficção científica, você já sabe. A questão implicada no anúncio de que aliens podem voar pelo espaço sideral não tem a ver com filmes de disco voador ou com ufologia de quinta, mas com a estabilidade das instituições sociais. Se seres inteligentíssimos aterrissassem em Brasília, vindos não se sabe de onde, o que aconteceria com o poder de convencimento dos cardeais, dos generais e dos ministros de Estado? E com o valor do dinheiro? Eis por que a notícia de vida fora da Terra repre- senta um fator crítico. Um Fator X. Quando a Nasa confirmou, agora em outubro, que existe água emMarte, nada na Terra se abalou (nada que não seja a imagem da Sabesp, que não acha mais água nem dentro do Cantareira). Mas estamos mais perto de saber que há por lá uma anêmona, um protozoá- rio ou um vírus. Ou indícios de uma civilização extinta? Enquanto isso não vem, seguimos coma nossa a vida (chata) emnossa civilização (discutível), crentes emnossas religiões (em xeque), pagando nossos impostos (inúteis) e delegando poder às nossas autoridades (...). Os telescópios da Nasa levamo nosso olhar para passear pelo universo. Mostramnuvens boreais de neutrinos doidos, linhas curvas como as de Tomie Ohtake, manchas deManabu Mabe, sombras do inconsciente freudiano. Foi assim que as ranhuras deMarte, tão fami- liares e tão estranhas, roubaram a cena. Para lá viajamos olhos da humanidade, embusca do que não existe. Ainda. ■ ROUBOU A CENA NASA/JPL/UNIVERSITY OF ARIZONA Imagens que mostram as provas materiais da existência de água em Marte são bonitas como uma obra de arte NASA/JPL-CALTECH/UNIV. OF ARIZONA NASA/JPL-CALTECH/UA/JHU-APL
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