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8 abril | maio | junho 2016 tudo em dia carlos eduardo lins da silva Na Olimpíada, notícia de fora não conta o jornalismo brasileiro sempre teve fascínio pelo que se publica a respeito do país no chamado “primeiromundo”. Qualquer menção ao Brasil ou a um de seus cidadãos his- toricamente sempre foi notícia aqui. No entanto, nos meses que antecederam à Olimpíada do Rio, apesar de esse ter sido um dos períodos em que mais o Brasil apareceu nos jornais, revistas e emissoras de TV dos Estados Unidos e da Europa, a repercussão local desse raro destaque foi mínima. No dia 9 de junho, por exemplo, Hillary Clinton, já sagrada candidata à Presidência dos Estados Unidos pelo PartidoDemocrata, ocupou-se ementrevista dada à agên- cia Associated Press (que a maioria dos veículos brasilei- ros assina) amostrar preocupação quanto à realização dos Jogos por causa da zika. Chamou a situação de “profundamente aflitiva”, disse que se tratava de “uma ameaça realmente séria de saúde pública” e que era preciso decidir logo se as pessoas em geral ou pelo menos algumas delas deveriam ir ao Rio. Qualquer correspondente brasileiro nos Estados Uni- dos sabe que, se um candidato presidencial naquele país faz declarações sobre o Brasil, isso é seguramente algo importante para o seu veículo. Aindamais se esse alguém integra o clã dos Clintons, que por si só já são sempre alvo de interesse generalizado. Mas estranhamente as fortes declarações deHillary não encontraram repercussão na mídia brasileira, apesar de ter sido acessível a toda ela por meio da AP. Os maiores diários brasileiros têmos direitos de publi- cação dos artigos excelentes de diversos prêmios Nobel e renomados intelectuais do Project Syndicate, e os edi- tam regularmente. No entanto, nenhum deles deu o que o Syndicate dis- tribuiu em 6 de junho, assinado por Peter Singer, profes- Trecho de ciclovia construída como atrativo para os Jogos Olímpicos do Rio desaba em abril sob o impacto de onda de 4 metros Custodio Coimbra/Agência O Globo

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