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10 abril | maio | junho 2016 Uma Frase “Não é ético nem socialmente responsável ignorar o risco que a zika traz [com os Jogos do Rio em 2016] para adultos e crianças que ainda vão nascer.” a crise estrutural da imprensa continua ceifando títulos que fizeram história no Brasil e no mundo. A cada mês são novas más notícias que che- gam. Aqui, três exemplos recentes. Jornal do Commercio O jornal impresso mais antigo em cir- culação ininterrupta no Brasil (desde 1827) foi fechado em abril pelos seus proprietários, os Diários Associados. Em seus grandes dias, contou com a colaboração do Barão do Rio Branco, Rui Barbosa e até do Imperador Pedro II. Foi comprado por Assis Chateau- briand em 1959 e passou a integrar os Diários, omaior grupode comunicação do Brasil nas décadas de 1950 e 1960. Vinha emgrande declínio desde o fim do século passado. Os donos, no comunicado em que informaram o seu fim, disseram que o jornal não conseguiu “suportar a tempestade dentro da qual o Brasil, ferido, se debate”. International Herald Tribune Este, de fato, já tinha deixado de circu- lar comeste título desde 2013, quando virou TheInternationalNewYorkTimes . Antes, com o nome antigo, foi um jor- nal luminoso por quase um século, influente e conhecido pela altíssima qualidade de seus artigos. A decadência teve início neste século, já como decorrência dos pro- blemas que seus então dois proprietá- rios, The Washington Post e The New York Times, enfrentavam em casa. O Times comprou a parte do Post e sua edição internacional passou a ser apenas um resumo da edição ameri- cana. Emmaio deste ano, ele resolveu acabar com a versão impressa euro- peia. Vai manter apenas a da Ásia. Para o resto do mundo, sobrou só a versão digital. Folhinha Melhor e mais inteligente suple- mento infantil da história da imprensa brasileira, a Folhinha circulou todos os sábados coma Folha de S.Paulo des­ de 1963. Foi objeto de teses acadêmicas, aju- dou a formar milhões de novos leito- res para o jornal, que em abril resol- veu terminá-lo. Para dar a impres- são de não o ter matado, usa o nome na revista sãopaulo , para, em meia página, dar indicações de consumo cultural. Emvez de investir, como fez por 53 anos, no incentivo à leitura de jorna- lismo impresso pelos jovens, resol- veu abandoná-los. Antes, já havia aca- bado com o suplemento destinado a adolescentes. Estranha estratégia de negócios. ■ Três veículos importantes desaparecem Novas vítimas A JohnS. and James L. Knight Foun- dation e a Columbia University anun- ciaram emmaio a criação de um ins- tituto comamissão de estudar como se pode expandir o direito às liber- dades de expressão e de imprensa garantido pela Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos às peculiaridades da era digital. Para isso, a fundação, que foi for- mada em 1940 pelos proprietários dos jornais Miami Herald e AkronBeacon Journal , e a universidade alocaram 60 milhões de dólares. O novo insti- tuto não se dedicará apenas a ques- tões acadêmicas. Ele também vai ajudar os veículos jornalísticosaenfrentaremosdesafios legaisquemuitostêmtidodificuldades para vencer pelo alto custo envolvido emaçõesmovidas contraelesporpes- soas, entidades e empresas que se julgam prejudicadas pela veiculação de informações na internet. Exemplo recenteeexpressivodessesproblemas foi oque levouopopular blogGawker à falência após o lutador de luta livre Hulk Hogan ter ganhado na Justiça indenizaçãode140milhõesdedólares por invasão de sua privacidade. Soube-se depois que os advogados de Hogan forampagos pelomilioná- rio Peter Thiel, fundador do PayPal, que, com isso, vingou-se do Gawker, que há anos revelara sua homosse- xualidade. ■ Desafios da era digital (Peter Singer, professor de bioética da Princeton University, em artigo no Project Syndicate de 6 de junho de 2016, que não teve repercussão na imprensa brasileira) Liberdade de expressão

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