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revista de jornalismo ESPM | cJR 13 David Mdzinarishvili/Reuters/Latinstock mentais. Infelizmente, o que vemos hoje é umcenário no qual jornalistas e organizações jornalísticas podem até vencer mais batalhas na Justiça, mas ainda assim perder em decorrência de forças do mercado e de um apoio menor da sociedade. Na última década, ou mais, ficou óbvio que tendências econômicas reduziram drasticamente a capaci- dade e, emmuitos casos, a disposição de organizações para fazer um jorna- lismo emprofundidade de forma con- tinuada. Os exemplos são conhecidos demais para seremenumerados exaus- tivamente de novo: jornais fechados, sucursais eliminadas, equipes reduzi- das, investigações caras abandonadas. Já que dificilmente iremos viver para ver essas tristes tendências revertidas, a pergunta é quem (ou que organiza- ções) irá se beneficiar do apoio jurí- dico proposto pelo novo instituto, e se a vitória em certos casos na Jus- tiça terá algum poder de reverter a tragédia financeira subjacente que hoje assola organizações jornalísticas. Outroproblema veio à tona recente- mente nos EstadosUnidos e emoutros países às voltas comconsiderável tur- bulência política. Não é segredo que organizações jornalísticas tradicionais vêm travando uma dura batalha para ganhar relevância para o públicomais jovem – e aqui entra tanto um jornal cujo leitor típico está na faixa dos 50, quanto o setor de jornalismo de uma emissora aberta deTVou canal a cabo, cujoespectadormédio temumadécada a mais. A maioria dos millennials dá preferência ao streaming de vídeo ou ao conteúdo acessado pela internet e “cortouocordão”comocabo.Ocenário demográfico é basicamente o mesmo para toda organização jornalística tra- dicional e o futuro é bem sombrio. Jovens descrentes Agora, no entanto, jovens atraídos por políticosdistintos, comoDonaldTrump eBernieSanders acusama imprensade seruma ferramentado“establishment”, de ter rabo preso com interesses cor- porativos e poderosos. Isso, argumen- tamos jovens, não só torna osmeios de comunicação irrelevantes, mas injus- tos, parciais e corruptos. É bem pro- vável que parte dessa juventude acabe mudando de opinião e consumindo o grande jornalismo, mas não há como saber quando ou em que grau isso vai acontecer. E, aindaquevenhaaapoiar a grandeimprensa,podeserpouco,etarde demais.Contra isso, oFirstAmendment Institute nada poderá fazer. Bollinger e Ibargüen devem ser aplaudidos pela ousadia e pelo alcance de seu compromisso comumtema que nos é caro – e pela ambição a dar apoio jurídico a jornalistas mundo afora. Ninguém seria contra esse investi- mento em iniciativas jurídicas des- bravadoras, sobretudo aquelas que, como tempo, possammudar o cenário legal e regulamentar emcertas nações. Infelizmente, as forças macroe- conômicas que fustigam o setor não têm relação muito estreita com essas questões legais. O mais provável é que organizações jornalísticas mor- ramde lenta inanição – e não no con- fronto com autoridades e poderosos interesses corporativos. A.J. Liebling, ensaísta do século 20 e colaborador da revista The New Yorker , fez troça: “A liberdade de imprensa é garantida apenas àqueles que podempagar por ela.” Isso não mudou. ■ david klatell é responsável pela área de estudos internacionais da Columbia Journalism School. Auxiliou no desenvolvimento de emissoras de televisão e agências de notícias em Portugal, Suécia, Suíça e China. Jornalistas pelo mundo sofrem pressão política, jurídica e econômica para não divulgar informações de interesse público
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