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54 abril | maio | junho 2016 tas do jornalismo (os famosos “quem, o que, onde, quando, por que e como”). O desafio que lanço para mim, na hora da foto, é entender a pessoa fotografada sem ter que preencher todas as respos- tas. Descobrir em cada poro, ruga, dobra da roupa e olhar do retratado quemé ele ( figs. 4 e 5 ). Os comportamentos se repetem no mundo inteiro e isso se reflete nas ima- gens. Ou, talvez, porque umcerto tipo de atitudeme atrai nos outros. Sejaumgrupo de pessoas vestidas a caráter na Feira de Sevilha ( fig. 6 ), as meninas na festa de Trancoso ( fig. 7 ) ou osmúsicos encontra- dos numa tarde em uma rua de Luanda ( fig. 8 ). O argentino Adolfo Bioy Casares conta no prólogo do livro La Invención y la Trama (Tusquets Editores, 1991) que tinha um tio chamado Enrique que lhe disse uma vez que “ todas las mujeres del mundo son tres o cuatro ”. Parafraseando o escritor eu posso dizer que existemtrês ou quatro tipos de pessoa. E que a com- binação desses caracteres é o que forma o tecido da humanidade, e são eles que aparecem aqui e lá nas fotos. Aviso, porém, que a interferência, nas minhas imagens, é nula. Apenas peçopara que as pessoas olhem para a câmera por alguns segundos, porque esse é o tempo que uma foto deve durar. Avedon, tem uma opinião interessante sobre esse momento, ele diz que “um retrato foto- gráfico é uma foto de alguém que sabe que está sendo fotografado, e o que ele faz com esse conhecimento é parte da foto- grafia tanto quanto aquilo que ele veste ou a maneira como ele se mostra. Ele está envolvido no que aconteceu e tem umverdadeiro poder sobre o resultado”. Uma nova revista Echegamos aoprojetoda Rev.Nacional . A ideia surgiu durante um voo, de volta ao Brasil, depois de ter passado um mês no valedo rioOmonaEtiópia ( fig. 9 ), fazendo as fotos das tribos que lá moravam e que se tornariamparte do livro Cadernos Etí- opes (CosacNaify, 2008).Me ocorreu que tinha estado do outro lado do mundo para fotografar uma realidade que pode- ria encontrar na esquina ( soi-disant ) de casa. Decidi dedicar os anos seguintes a ver o Brasil de perto e fotografar, e publi- car, as imagens que ninguémme pedia a Fig. 13 Marinheiros NV e Cisne Branco, Rev.Nacional #7, 2016
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