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revista de jornalismo ESPM | cJR 59 cado e a legislação antitruste – recur- sos empregados pelos americanos para resolver essas anomalias – não estão surtindo efeito. Por trás desse cenário está a revolu- ção móvel. Por causa dessa revolução, a quanti- dade de tempo que passamos na inter- net, o número de coisas que fazemos na internet e a atenção que damos a plataformas explodiram. O desenho e os recursos de nossos celulares (obrigada, Apple) favorecem aplicativos que promovem um com- portamento diferenciado. Há pouco, uma pesquisa doGoogle emsua plata- forma, aAndroid,mostrouque, embora cada um de nós tenha uma média de 25 aplicativos no celular, no dia a dia só usamos quatro ou cinco – e, desse punhado, dedicamos o grossode nosso tempo a um aplicativo de rede social. E, nomomento, a penetração do Face- book é muito maior do que a de qual- quer outra plataforma social. Amaioriados adultos americanos usa o Facebook – e a maioria desses usuá- rios recebe regularmente algumtipode notícia pelo Facebook. Segundo dados do PewResearchCenter, isso significa que cerca de40%dos adultos america- nos demodo geral consideramo Face- book uma fonte de notícias. Recapitulando, então: 1. Cada vez mais, o smartphone é usado para tudo. 2. Essa atividade em geral se dá por meiode aplicativos, sobretudoaplicati- vos sociais edemensagens, comoFace- book, WhatsApp, Snapchat e Twitter. 3. A competição entre esses aplica- tivos é intensa. A vantagem competi- tiva de plataformas depende da capa- cidade de segurar os usuários dentro doaplicativo. Quantomaisusuários seu aplicativo segurar, maior seu conheci- mento sobre eles, maior a informação que pode ser usada para vender publi- cidade e maior sua receita. Competição acirrada A briga pela atenção é feroz. Os “qua- tro cavaleiros do apocalipse” – Goo- gle, Facebook, Apple e Amazon (cinco, se incluirmos a Microsoft) – estão tra- vandouma longaeacirradabatalhapara determinar que tecnologia, plataforma e até mesmo ideologia vai prevalecer. No último ano, jornalistas e veículos decomunicaçãoseviramna inesperada posiçãode beneficiários desse conflito. Noanoquepassou, oSnapchat lançou oDiscover App, dando canais próprios a meios como Vice, BuzzFeed, Wall Street Journal , Cosmo e Daily Mail . O Facebook lançou o Instant Articles – e já anunciou a abertura da plataforma a todo e qualquer veículo de comunica- ção. Apple e Google vieram logo atrás, lançando o Apple News e o Accelera- ted Mobile Pages, respectivamente. Para não ficar de fora, o Twitter lan- çou o ownMoments, umagregador de conteúdo que promete dar a narrativa completa de um acontecimento e que estáditandoa tendêncianaplataforma. Éumaótimanotícia ver queoperado- ras de plataformas repletas de recur- sos estão criando sistemas para distri- buir notícias.Mas, enquantoumaporta abre, outra fecha. No exato instante em que veículos de comunicação estão sendo conven- cidos a publicar diretamente em apli- cativos e em novos sistemas – o que vai ampliar rapidamente seu público no mobile –, a Apple anuncia que vai liberar o download de bloqueadores de anúncios na App Store. Ou seja, se como veículo de comuni- cação sua decisão de aderir a uma pla- taforma distribuída teve como objeto ganhar dinheiro com a publicidade móvel, saiba que qualquer pessoa com um iPhone hoje pode bloquear não só anúncios, mas o execrado software de rastreamento. Oconteúdoque aparece dentrodeumaplataforma–comoaDis- cover noSnapchat oua InstantArticles noFacebook–está, demodogeral (mas não completamente), a salvo de blo- queadores.Naprática, a já ínfimareceita dapublicidadedigital queumveículode comunicação estaria tirando de forma independente no mobile pode muito bem secar. Naturalmente, daria para argumentar que tais veículos fizeram por merecer ao entulhar suas páginas com anúncios invasivos que ninguém queria ver, para começo de conversa. Para umveículo comfins de lucro, há três alternativas. Uma delas é jogar um volume ainda

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