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revista de jornalismo ESPM | cJR 61 amenos que nos diga ou que perceba- mos. Essa é uma arena não regulamen- tada. Não há transparência na engre- nagem interna desses sistemas. Há imensos benefícios na ascensão de uma nova classe de gente tecnica- mente capaz, socialmente consciente, financeiramente bem-sucedida e de alta energia como Mark Zuckerberg assumaas funções eopoder econômico de alguns dos vetustos, politicamente entrincheirados e, ocasionalmente, cor- ruptos intermediários que tivemos no passado. Mas devemos estar cientes, também, de que essa mudança cultu- ral, econômica e política é profunda. Estamos entregando o controle de aspectos importantes de nossa vida pública e privada a umnúmero peque- níssimo de indivíduos que ninguém elegeu – e que não dão satisfação a ninguém. Precisamos de normas para garan- tir que todo cidadão tenha igualdade de acesso a redes de oportunidades e serviços de que necessita. Precisa- mos, também, saber que todo discurso e expressão públicos serão tratados de forma transparente, ainda que não possam ser tratados de forma igual. É um requisito básico para uma demo- cracia saudável. Para que isso aconteça, é necessário haver alguma espécie de consenso de que as responsabilidades nessa área estão mudando. O pessoal que criou essas empresas de plataforma não o fez para assumir as responsabilidades de uma imprensa livre. Aliás, émotivo de certo alarme entre essa turma que seja esse o resultado de sua proeza tecnológica. Mudança nos custos de produção Uma das críticas feitas até aqui a essas empresas é que elas teriam escolhido a dedo as partes rentáveis ​do processo editorial eevitadoaatividademaisone- rosa de produzir um bom jornalismo. Se experimentos que hoje ainda enga- tinham, como o Instant Articles, leva- rema uma relaçãomais integrada com o jornalismo, é possível que vejamos na esteira uma mudança mais impor- tante dos custos de produção, parti- cularmente em torno de tecnologias e venda de publicidade. Areintermediaçãoda informação, que a certa altura parecia que ia ser total- mente democratizada pelo progresso da internet aberta, provavelmente vai agravar a situação dosmecanismos de financiamento do jornalismo antes de produzir uma melhora. Se computar- mos as perspectivas da publicidade móvel e as metas agressivas de cres- cimento que Apple, Facebook, Goo- gle e companhia têm de cumprir para satisfazer o mercado financeiro, seria justo dizer que, a menos que platafor- mas sociais devolvam mais dinheiro para a fonte, o jornalismo provavel- mente virará uma atividade sem fins lucrativos, em vez de um motor do capitalismo. Para serem sustentáveis, empresas de comunicação e jornalismo terão de mudar radicalmente sua base de cus- tos. O mais provável é que a próxima onda de veículos de comunicação seja criada emtornodeummodelode estú- dio, coma gestão de histórias, talentos e produtos distintos através de uma vasta gama de dispositivos e platafor- mas. Quando essa mudança ocorrer, postar conteúdo jornalístico direta- mente no Facebook ou em outras pla- taformas será a regra, não a exceção. Atémanter umsite pode ser desneces- sário com a aposta na hiperdistribui- ção. A distinção entre plataformas e editores desapareceria por completo. Ainda que se considere uma empresa de tecnologia, você está tomando deci- sões cruciais sobre uma série de coisas – incluindo o acesso a plataformas, o formato do jornalismo ou do discurso, a inclusão ou proibição de certos con- teúdos, a aceitação ou rejeição desse ou daquele veículo de comunicação. Odestino do panteão atual de veícu- los de comunicaçãoéumaquestãobem menos importantedoque o formatode sociedade jornalística e de informação que queremos criar e como podemos ajudar a defini-lo. ■ emily bell é diretora do Tow Center for Digital Journalism na Columbia Journalism School, nos Estados Unidos. É, também, professora convidada no Center for Research in the Arts, Social Sciences and Humanities, na University of Cambridge, no Reino Unido. Texto originalmente publicado no site www.cjr.org em 7 de março de 2016. Todo discurso e expressão públicos devem ser tratados de forma transparente, ainda que não possam ser tratados de forma igual

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