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62 abril | maio | junho 2016 Vida sob controle Os algoritmos são um prato cheio para a investigação de repórteres, pois eles são influentes, sigilosos e regem partes essenciais da sociedade por chava gourarie nodia15demarço , oInstagrampubli- cou um aviso em seu blog que deixou a internetmaluca: “Para aprimorar sua experiência,embreveseufeedseráorga- nizado paramostrar osmomentos que nós achamos sermais importantespara você”. Em pânico, os usuários protes- taram, commedo de que suas fotos se perdessemnesse fluxo reorganizado, e começarama postar fotos coma hash- tag #turnmeon, pedindo que os segui- dores ativassemas notificações de seus perfis. Emresposta à confusão, o Insta- gramtwittoulaconicamente: “Calmaaí, a gente ainda nãomudouo algoritmo”. À primeira vista, é difícil de acredi- tar quemexer na ordemdessa torrente de narcisismo seja uma história impor- tante.Mas existemais coisa emjogo aí. Ao longo de nossa experiência como usuários online, ficamos acostumados àsmãos invisíveis doGoogle, do Face- book e da Amazon alimentando nos- sos monitores. Estamos cercados de códigos proprietários, como oTwitter Trends, o preenchimento automático do Google, as recomendações do Net- flix e as combinações do OKCupid. É assim que a internet funciona. Então, quando o Twitter ou o Instagram, ou o titã do momento do Vale do Silício, decidemmexer como que considera- mos nossa vida pessoal, somos lembra- dos de onde está o poder de verdade. E isso incomoda. Enquanto os usuários de internet podemse conformar comesses gigan- tes algorítmicos, os jornalistas não têm essa possibilidade. Os algoritmos têm tudo que os jornalistas foram treina- dos para questionar: eles são podero- sos, sigilosos e regempartes essenciais da sociedade. São eles que decidemem quanto tempo o Uber chega até você, quando você consegue um emprés- timo, que preso consegue liberdade provisória, quemdeve sermonitorado pela polícia e quemdeve ser revistado no aeroporto. A cobertura até hoje Eles podem ser tudo, menos objeti- vos. “E como eles poderiam ser obje- tivos?”, pergunta Mark Hansen, esta- tístico e diretor do Brown Institute, da Columbia University. “Eles são fruto da nossa imaginação.” Faça uma expe- riência e pense em todas as maneiras pelas quais você poderia responder à pergunta: “Quantos imigrantes latinos vivememNovaYork?”Issodáumaideia de quanto discernimento é necessário para transformar omundo real emuma fórmula matemática. Algoritmos são feitos para reprodu- zir o mundo de um jeito que esteja de acordo comos propósitos de seu cria- dor e “estão cheios de pressupostos de como o mundo funciona e de como deveria funcionar”, diz Hansen. Cabe aos jornalistas investigar esses pressupostos, e suas consequências, especialmente quando eles interfe- remnas políticas públicas. Oprimeiro passoé ampliar ashabilidades clássicas do jornalismo para ummundo emfor- mação: questionar sistemas de poder e contar com a ajuda de especialistas para desvendar o que nós não sabe- mos. Mas, quando se trata de algorit- mos que podemanalisar coisas de que amente humana não é capaz, isso não será suficiente. Jornalistasquequeiram falar sobreoassuntoprecisamexpandir seu repertório para a análise de dados eprogramaçãoparapoder lidar comos algoritmos cada vez mais complexos que governam nosso mundo. Poucas redações consideram-nos seu território, mas algumas já começaram a cobrir o tema. Eles em geral podem ser divididos em três etapas: os dados são coleta- dos; os dados são processados na “cai- xa-preta”; umresultado é obtido, como umaprobabilidadeouumpreço. Escre- ver sobre isso pode ser feito em qual- quer uma das fases, seja analisando os
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