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66 abril | maio | junho 2016 Investigação ou conluio? Além de revelar tramoias de políticos, celebridades e poderosos mundo afora, os Panama Papers se tornaram uma mina de ouro para os profetas das teorias conspiratórias por jack murtha à primeira vista , os Panama Papers parecemdestinados a virar lenda entre os fanáticos das teorias da conspiração. A investigação, que foi revelada emum domingo, dia3de abril de2016, sebase- ava em 2.6 terabytes de dados sigilo- sos para mostrar uma imensa rede de empresas offshore criadasparaesconder o dinheiro de políticos, celebridades e criminosos mundo afora. Essas infor- mações foram um sopro de vida para os teóricos da conspiração, uma con- firmação clara, e rara também, de tra- moias feitas pela elite. Desde as revela- ções de Edward Snowden, os descren- tes de tudo não se sentiam tão forte- mente legitimados. Mas, talvez, como seria de esperar, as teorias da conspiração estão come- çando a nascer dos próprios Panama Papers. Alguns acham que eles ser- vem para poupar Hillary Clinton das questões sobre os ataques de 2012 ao complexo diplomático americano em Benghazi, na Líbia, durante sua gestão como secretária de Estado. O atentado terrorista deixou qua- tro mortos, incluindo o embaixador americano J. Christopher Stevens. Outros dizem que o Departamento de Estado americano fabricou a farsa para incriminar seus inimigos políti- cos. Em fóruns de discussão online, Alex Jones, o magnata das teorias conspiratórias, e até mesmo o Wiki- Leaks lançaram dúvidas sobre a ori- gem dos documentos e sobre a inte- gridade da reportagem. Ignorância a serviço do poder A grande questão, dizem eles, são as organizações que financiamo líder do projeto, o ICIJ – sigla em inglês para Consórcio Internacional de Jornalis- tas Investigativos. O que é mais cho- cante é como a ignorância sobre o fun- cionamentodosmeiosde comunicação pode condenar alguémque está genui- namente tentando expor crimes, ao mesmo tempo que dá força aos órgãos de propaganda do Estado. Primeiro, vamos explicar a história. O jornal alemão Süddeutsche Zeitung começou a receber arquivos criptogra- fados de uma fonte anônima há mais de um ano. Os documentos – e-mails, recibos, fotografias, entre outros for- matos –pertenciamaoescritóriopana- menho de advocacia Mossack Fon- seca, que é especializado na criação de companhias offshore em bancos para seus clientes. O jornal procurou o ICIJ para comandar o que seria a maior investigação internacional do jornalismo, reunindomais de 100 reda- ções em 80 países. Sua apuração foi devastadora e os efeitos ainda estão se alastrando. Os Panama Papers já leva- ram à renúncia o premiê da Islândia, um dirigente da Fifa e o CEO de um banco austríaco. A cobertura também focou Vladi- mir Putin. As investigações desco- briram que os aliados do presidente russo esconderam bilhões de dólares em contas de offshores . Quando essa história se espalhou,
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