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8 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2016 TUDO EM DIA carlos eduardo lins da silva “A realidade mata, a ficção salva” na busca desenfreada para manter a relevância da sua atividade, jornalistas tentam diversas fórmulas, algu- mas antigas, só comroupa nova, para chamar a atenção do público cada vezmais cativo dos telefonesmóveis e de sua cornucópia de conteúdos. Na Califórnia, o Centro para Reportagens Investigati- vas vem há dois anos colocando o jornalismo em palcos de teatro por meio do projeto “StoryWorks” (um troca- dilho que brinca com as palavras “story” – “matéria jor- nalística” ou “estória” – e “works” – plural do substan- tivo “trabalho”, mas também terceira pessoa do singular de um verbo que pode significar “dar certo”). O grupo de teatro Bay Area’s Tides associou-se ao cen- tro para montar peças que dramatizam reportagens reais já publicadas. O objetivo é fazer com que a plateia se dê conta de aspectos relevantes dos temas tratados pelos jor- nalistas e que possam ter passado despercebidos devido às características intrínsecas dos meios de comunicação tradicionais que as veicularam. O projeto já encenou seis peças em diversas cidades americanas. A mais recente foi sobre o julgamento de cinco adolescentes de um subúrbio de Kansas City, acu- sados damorte de seis bombeiros em 1998, numprocesso legal que depois se revelou eivado de erros e acelerado para dar satisfação à opinião pública, que exigia punição para os responsáveis pela tragédia. O repórter Mike McGraw, do Kansas City Star , mos- trou em 2006 em uma série de reportagens que diversas testemunhas haviam sido obrigadas a mentir para incri- minar os réus e participou do projeto teatral ao lado da dramaturga Michelle Johnson, que já foi jornalista. Eles criaramalguns personagens fictícios para dar mais inten- O ator Sean Penn com o traficante Joaquín Guzmán Loera, El Chapo, durante a entrevista publicada pela revista Rolling Stone LATINSTOCK/REUTERS/ROLLING STONE

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