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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 9 Fontes: Pew Research Center e Banco Mundial Números fortes dos adultos brasileiros usam a internet ao menos ocasionalmente; em 2013, eram 49% 60% dos adultos brasileiros têm um telefone celular inteligente; em 2013, eram 15% 41% de brasileiros não têm acesso à internet, o que faz do país o sétimo com mais pessoas off-line 98 milhões dos millennials (pessoas entre 18 e 34 anos) nos EUA acham que o governo deve ter o poder de cercear a liberdade de expressão em certos casos 40% dos membros da geração X (entre 37 e 50 anos) concordam com isso 27% dos baby-boomers (entre 51 e 69 anos) concordam com isso 24% 12% dos membros da “geração silenciosa” (entre 70 e 87 anos) concordam com isso sidade dramática à peça, mas insistemque os fatos foram todos relatados com máximo rigor e total acuidade. Essa experiência de jornal no palco revisita a relação entre jornalismo e ficção, que teve seu ápice meio século atrás, com o “Novo Jornalismo”, quando técnicas do romance foram utilizadas por grandes escritores, e que vive agora outro capítulo de grande densidade no traba- lho do espanhol Javier Cercas. A frase que intitula este texto é omote recorrentedeCer- cas ao longo de seumais recente livro, O Impostor (Editora Globo, Biblioteca Azul, 2015), um romance não ficcional, “rigorosamente verdadeiro, desprovido de qualquer traço de invenção ou fantasia”, a exemplo do anterior, Anatomia de um Instante (Editora Globo, Biblioteca Azul, 2012), este já um clássico da literatura. À medida que conta a história deEnriqueMarco, umlíder sindical queenganouaEspanha inteira por décadas com a história de que teria sido um sobrevivente de campo de concentração nazista, Cercas discute a interação entre verdade e mentira e entre jorna- lismo e romance, e mostra como pode ser possível “mentir sobre tudo tão somentepara contarmelhor toda a verdade”. Apesar de múltiplas e intensas relativizações, Cer- cas conclui ao final que “na vida, seja na história, seja no jornalismo, mentir é ‘um vício maldito’, como diz Mon- taigne, uma baixeza, uma agressão, uma falta de respeito imunda e um rompimento com a primeira das regras da convivência entre os homens”. O que nos leva à entrevista do ator Sean Penn com o traficante de drogas El Chapo, de que trata o texto acima, exemplo de como, embora a ficção salve, no domínio da imprensa a realidade é que deve prevalecer, mesmo que possa vir até cifrada em códigos ficcionais. ■ SEAN PENN É UMASTRODA FICÇÃO, umdosmelhores atores contemporâneos, vencedor de dois Oscars (por SobreMeninos e Lobos e Milk – A Voz da Igualdade ). Também é um ativista po- lítico, que de vez em quando usa o jornalismo como instru- mento para promover suas causas. Em janeiro, entrevistou para a Rolling Stone umdosmaiores traficantes de drogas doMéxico, conhecido como “El Chapo”, que estava foragido e foi recapturado pelas autoridades me- xicanas na véspera da circulação da revista. Como costuma fazer em sua prática jornalística, Penn se identifica com o entrevistado e o elogia incansavelmente. No caso de Chapo, o descreveu como “um homem simples, de um lugar simples, cercado pelo afeto simples de seus filhos, que não me parece nenhum lobo mau”. Considerado omaior fornecedor de drogas para os Estados Unidos, Chapo foi condenado em 2014 a 20 anos de prisão por vários homicídios e tráfico. Escapou da prisão em 2015 e voltou a ela agora. George Packer, da revista New Yorker , avalia o desempenho jornalístico de Penn como “uma espécie de desprezo [pela atividade], que dificilmente pode dar bons resultados. Mas como ele é um ator completo, espero que um dia interprete o papel de um jornalista, o que fará mais bem à profissão do que todas as suas entrevistas juntas”. Seria mais um caso de a ficção contar a verdade melhor que a realidade. ■ ENTREVISTA DA VEZ “Este homem simples não me parece um lobo mau”
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