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REVISTA DE JORNALISMO ESPM | CJR 11 O crime compensa em Fleet Street carlos eduardo lins da silva é livre-docente, doutor e mestre em comunicação; foi diretor-adjunto da Folha e do Valor . SENSACIONALISMO INGLÊS quatro anos atrás , Rebekah Brooks estava no olho do furacão do News of the World , o tabloide sensacionalista britânico que foi pego em flagrante na prática de grampos telefônicos ile- gais e provocou forte mobilização da sociedade contra métodos questioná- veis de apuração de informações pela imprensa. O jornal foi fechado, o país debateu o assunto por meses. A mais jovem responsável por um jornal nacional na história do país, Brooks foi presa, passou algunsmeses na cadeia, mas acabou absolvida pela Justiça, que acatou a tese da defesa de que os repórteres agiam irregu- larmente sem o conhecimento dela. Agora, ela está de volta ao império deRupertMurdoch e nomesmo posto que ocupava quando seumundo ruiu: é a principal executiva da empresa para a área de jornais impressos no Reino Unido. Mas o ambiente eco- nômico em Fleet Street (como ainda é conhecida a imprensa britânica, embora desde 2005 nenhum veículo jornalístico esteja sediado nessa rua onde estavam todos até 1980) se dete- riorou muito entre a queda e a recu- peração de Brooks. O faturamento publicitário dos jor- nais caiu 33% no período. A maio- ria dos paywalls dos jornais fracas- sou, inclusive os do grupo Murdoch. Brooks terá grandes dificuldades para fazer sua operação semanter no azul. Apesar de toda a reação ao com- portamento dos tabloides e do exten- sivo trabalho realizado pela Comissão Leveson, que resultou num acordo para autorregulação da imprensa bri- tânica, o controle social sobre eles não aumentou efetivamente. Problemas similares aos que cau- saram a sua desgraça podem se repe- tir, a não ser que ela aumente a vigi- lância sobre os subordinados. Muito pouca gente acreditará que ela não terá sabido de nada se ilegalidades voltarem a ocorrer. ■ Rupert Murdoch e Rebekah Brooks de volta ao começo, como se nada tivesse acontecido TRÊS GRANDES TÍTULOS da imprensa emlínguainglesavivemmomentosmuito distintos de sua história. The Economist , um dos raros pontos luminosos em termos de negócios no jornalismo contemporâneo, tem enor- mes ambições: dobrar seu lucro de cir- culação em cinco anos. Suamargemde lucro líquidonesta dé- cada tem sido entre 18% e 20%, como costumava ser a dos grandes veículos ao longodo século 20até a década de 1990, quando despencaram até virarem, em muitos casos, prejuízo. Os assinantes da Economist aindasãorelativamentepoucos (cerca de 300 mil), o que lhe permite al- mejar grande e contínuo crescimento. Já The NewRepublic , que vinha de crise em crise já fazia 25 anos, escreveu mais um capítulo de sua derrocada com a venda do título por Chris Hughes, um dos fundadores do Facebook, que o ha- via comprado em 2012 com grandes planos para o futuro. Omandato de Hughes foi uma cumu- lação de fracassos. Ao tentar converter a revista tradicionalmente séria em um site apelativo como os de celebridades, o executivo enfrentou ummotim na re- dação que o desmoralizou. O novo dono, Win McCormack, espe- cializadoemrevistas literárias, temperfil mais adequado ao passado da New Republic , mas muito para investir no negócio. Já outro empresário das novasmídias que se aventurounas antigas, Jeff Bezos, que comprou o lendário The Washington Post em 2013, parece estar animado e colhendo bons resultados. Bezos tem investido pesadamente em pessoal e tecnologia, e a melhora da qualidade editorial é gritante. Mas os números ainda não são dosmelhores do ponto de vista empresarial. ■ MOVIMENTOS DE MERCADO Economist brilha, New Republic afunda, Post se anima LATINSTOCK/REUTERS/OLIVIA HARRIS
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