RJESPM 16
26 JANEIRO | FEVEREIRO | MARÇO 2016 por ter criado 525 postos de trabalho emWilliamsburg, amáquina também está crescendo. Segundo a empresa, os salários pagos “competem com os de novas empresas de mídia equipa- ráveis”. Masmuita gente parece estar ali pelo trabalho e pela cultura, não pelo dinheiro. “Há a sensação de que é uma sorte”, disse umex-funcionário. “O que você não ganha em salário é compensado pelo fator ‘bacana’ [do lugar] e pela chance de entrar nas festas” da Vice. “É como um culto”, disse outro ex-funcionário. A Vice pode até não ter o maior público do mundo da mídia (dados da comScore indicam 32,4 milhões de visitantes únicos nos Estados Uni- dos em maio de 2015, ante os 74,7 milhões do BuzzFeed, embora aí não esteja computada a penetração no YouTube, na TV e em redes sociais). Mas tem, sem dúvida, o maior hype – e muito dinheiro. A empresa, de capital fechado, vale pelomenos US$ 4 bilhões, disse Smith ao New York Times . O jornal tambémafirmou, com base em documentos internos, que a Vice projetava uma receita de US$ 915 milhões para 2015. A velha mídia está de olho. “Que- remos aprender com eles”, disse a presidente da A&ENetworks, Nancy Dubuc, no PaleyCenter forMedia, em Nova York. “Eles estão falando para uma geração coma qual lutamos para nos conectar.” A imagem que a gigante projeta é de uma organização madura, fran- camente corporativa, que ainda pre- serva a ginga da juventude. O desa- fio, à medida que cresce a força de trabalho (1.500 funcionários em 36 sucursais mundo afora), é como se distanciar do passado rude, mas pre- servando o suficiente dessa reputa- ção para consolidar, e aumentar, sua autoridade com o público principal. É um desafio que preocupa a direção. Ellis Jones, aprimeiramulher a chefiar a redação da revista Vice , disse que foi incumbida de “buscar maneiras de atrair um público maior que talvez ainda nos veja como o que fomos dez ou 15 anos atrás”. Enquanto a Vice migrava para um jornalismo sério, a revista seguia como o último bastião do mau gosto no grupo – um editorial de moda de 2013 intitulado “Last Words”, que reencenava o sui- cídio de escritoras famosas, foi apa- gado do site. Já duas edições recentes foramdedicadas à ficção e ao tema da mudança climática. Aempresa vive ummomento estra- nho: emboraguardepoucasemelhança como que foi durante o grosso de sua história, também tem interesse em mostrar que não mudou tanto assim. Caminho tortuoso Para entender a mudança cultural em curso ali dentro, imagine que o pro- grama da MTV Jackass , em vez de extinto,estivesseproduzindodocumen- tários inéditos sobre oEstado Islâmico na Síria e no Iraque. O site Vice.com ainda temuma fixaçãodesmedida com profissionais do sexo – manifesta em textos como “Twenty Hours in a New York StripClub” (“Vinte horas emum clube de striptease emNova York”) –, Shane comemora nu os 2 milhões de assinantes com um tour pela sede da Vice Shane Smith entrevista o presidente dos EUA, Barack Obama, em 2015 ARQUIVO CJR ARQUIVO CJR
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